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A biodiversidade está intimamente relacionada com a diversidade de povos indígenas e comunidades tradicionais, essa inter-relação está expressa pelo conceito de sociobiodiversidade. Os conhecimentos ancestrais compartilhados por esses povos e comunidades desempenham um papel vital na conservação da diversidade vegetal, especialmente quando revelados pela etnobotânica, destacando as complexas inter-relações entre humanos e plantas, incluindo seu manejo e domesticação. O banco de dados Useflora é inédito neste contexto, pois permite a organização e compartilhamento de informações
relacionadas ao uso, manejo e domesticação de plantas, conectando esses dados às comunidades detentoras desses conhecimentos. Esta pesquisa tem como objetivo geral compreender quais são as principais plantas manejadas tradicionalmente pelas populações indígenas, tradicionais e locais no Brasil, assim como seu uso e partes utilizadas. Seus objetivos específicos são: 1) realizar um levantamento bibliográfico do manejo e domesticação de espécies vegetais nativas do Brasil e dos grupos humanos detentores desses conhecimentos; 2) atualizar o banco de dados “Useflora” com informações sobre uso, manejo e domesticação de espécies vegetais existentes no Brasil; 3) capacitar estudantes sobre métodos de pesquisa científica, revisão bibliográfica, sistematização e manuseio de um banco de dados etnobotânicos. A metodologia utilizada foi de pesquisa bibliográfica e sistematização dessas informações para alimentar o banco de dados Useflora de forma que estão sendo construídas três planilhas, uma que contém as informações das espécies encontradas, outra sobre os metadados desses artigos, que aborda os povos e comunidades detentores desses conhecimentos descritos pelos autores acadêmicos, e a terceira que é a maior e conta com informações sobre o uso, partes usadas, manejo e domesticação dessas plantas. Tendo como resultados até agora 161 artigos revisados, contabilizando 346 espécies de plantas diferentes. Do total de artigos revisados, mais de 40 artigos utilizam o método de revisões bibliográficas para coleta de dados, 12 contém entrevistas, e somente 9 descrevem quais são os povos ou comunidades detentoras do conhecimento tradicional, representando somente 5,6 % do total de artigos revisados que contém essas informações. Isso implica que os detentores tradicionais desses conhecimentos não são devidamente reconhecidos nas pesquisas científicas, podendo significar um apagamento de suas histórias e conhecimentos. Portanto, este trabalho se mostra fundamental para apoiar políticas públicas que protejam e reconheçam os conhecimentos indígenas, tradicionais e locais relacionados à sociobiodiversidade, fortalecendo assim as comunidades locais e a pesquisa científica, incentivando a disseminação desses conhecimentos e de seus detentores. |
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