Etnobotânica, etnoecologia e impactos de metais pesados na segurança alimentar de comunidades locais

Abstract

O aumento de áreas mineradas e contaminadas por elementos-traço tem sido um desafio socioambiental no Brasil. Somente no bioma da Mata Atlântica, o número de áreas impactadas pela mineração aumentou seis vezes nos últimos 40 anos. O aumento de áreas contaminadas pode representar um risco à saúde humana e dos ecossistemas. Um ponto importante é o estudo de espécies que conseguem povoar esta áreas contaminadas por elemento-traços, e que apresentam características que permitem a sua sobrevivência nesse ambiente. Diante desta situação o presente trabalho buscou compreender melhor quais espécies conseguem se desenvolver em áreas mineradas e que foram abandonadas sem recuperação no bioma da Mata Atlântica e quais são as características que podem ser favoráveis para o estabelecimento destas espécies neste ambiente. Foi realizado um levantamento bibliográfico e foram encontrados 20 artigos que analisaram as espécies que ocorreram espontaneamente em áreas que foram mineradas e abandonadas. Com base nas espécies foram levantadas as suas características funcionais. A partir de características funcionais das espécies que possuem registros de evidências de contaminação mas não possuem uso direto, esperamos encontrar um conjunto de espécies com potencial de uso para a restauração de áreas degradadas. Essas espécies devem ter as seguintes características: não serem usadas para alimentação ou com finalidades medicinais, terem potencial bioacumulador, não serem espécies polinizadas por zoofilia ou dispersas por zoocoria, e serem nativas dos biomas foco da restauração.