dc.description.abstract |
O objetivo desse trabalho é apresentar uma possibilidade de análise do termo melaninado presente no livro “O caçador cibernético da da rua treze”, de Fábio Kabral. O livro é uma obra afrofuturista e de gênero ficção especulativa, a utilização do termo melaninado é utilizado na descrição dos habitantes de Ketu 3, descendentes do Continente e apresentam traços melaninados nos mais variados tons de pele negra e de traços negróides, como narizes, lábios e cabelos. O afrofoturismo é definido pelo próprio autor como “movimento de recriar o passado, transformar o presente e projetar um novo futuro através da nossa própria ótica” (Kabral, 2016), a ótica de pessoas negras. Utilizando o conceito de afrocentricidade defendido por Molefi Kete Asante, o afrofuturismo pode ser compreendido como a expressão do modo de pensamento e ação a qual valoriza as culturas africanas, bem como afrodiaspóricas, trazendo-as para o centro de suas produções. Essa expressão cultural ultrapassa os limites de uma análise apenas estética e se sustenta em sua base ancestral na narrativa e perspectivas de pesquisadores negros. Cheikh Anta Diop foi um pesquisador senegalês e afirmou que os antigos egípcios eram negros. Em suas obras “Origem dos antigos egípcios” (1974) e “Nações negras e cultura” (1955), uma das técnica utilizada na afirmação que os antigos egípcios eram negros foi o teste de melanina em múmias, o qual consiste na determinação da melanina por datação de carbono 14, realizado no Laboratório de Radiocarbono da Universidade de Dakar. Além disso, Diop também defende a importância e influência desta civilização para todo continente africano. Portanto, uma possibilidade afrocentrada da defesa do termo melaninado utilizado na obra de Kabral pode ser devido aos resultados apresentados por Diop. Essa análise evidencia o evento histórico no qual Diop utilizou conhecimento adquiridos em sua formação em Física Nuclear para montar o primeiro laboratório de radiocarno no continente africano e assim, conseguir provar que os antigos egípcios eram negros, contrapondo o que vinha sendo defendido pela ciência, em seu pilar eurocentrico. Essa análise possibilitou evidenciar esse evento enquanto uma evento de cunho histórico científico. O que possibilita o uso dessa evidência enquanto metodologia da História da Ciência, bem como da História Cultural da Ciência, do ponto de vista de uma análise afrocentrada e decolonial. Apresentando assim, uma possibilidade de se pensar estratégias de metodologias de ensino que possam contemplar a aplicabilidade da Lei 10.639/2003, que define a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira para todo o âmbito da educação brasileira. Para o cumprimento da Lei 10.639/2003 para o ensino de física, bem como de ciências, o presente trabalho possibilita o ter como base uma estruturação de metodologias para o ensino de física. |
pt_BR |