Análise temática de estratégias de prevenção das violências contra as mulheres no Sistema Único de Saúde

Abstract

A violência contra as mulheres é uma questão global e atinge proporções pandêmicas. A prevenção desta violência é um tema presente no fazer das profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). As políticas públicas crescentes sobre o tema, desde o reconhecimento da violência como pauta da saúde, demonstram o esforço deste setor em contribuir para o enfrentamento da violência, assumindo seu papel em uma luta multifacetada, intersetorial e transdisciplinar. A Organização Mundial da Saúde orienta que uma agenda fortalecida para o enfrentamento da violência, entre outras recomendações, deve estar apoiada em pesquisas científicas específicas sobre prevenção de violência a partir de práticas comprovadas (WHO, 2008). Este estudo objetiva analisar estratégias de prevenção da violência contra as mulheres no Sistema Único de Saúde por meio de trabalhos apresentados e publicados no 1º Seminário Nacional de Estratégias da Saúde para o Combate à Violência Contra as Mulheres. Consiste em uma pesquisa de abordagem qualitativa e caráter descritivo, do tipo documental. Os documentos utilizados nesta pesquisa foram todos os quinze trabalhos aprovados e apresentados no evento, representando onze estados brasileiros, distribuídos entre as cinco regiões do país. Foram tratados utilizando a Análise Temática com base em Braun e Clarke. O enfrentamento das violências contra as mulheres é trazido de forma difusa dentro dos trabalhos, pois compreende-se que uma amplitude de estratégias é preconizada quando falamos de combate à violência. Foram produzidos três temas a partir da análise dos documentos, os quais buscaram sintetizar como a prevenção da violência contra as mulheres pode se expressar no processo de trabalho das profissionais de saúde e gestoras(es) dos SUS. Foram ressaltados os processos de educação permanente e educação em saúde como vetores importantes da transformação social; o acesso à assistência em saúde como garantia de um SUS realmente universal que considera as especificidades das mulheres em situação de violência; e a organização de rede híbrida que dê conta da complexidade do enfrentamento das violências e, superando a fragmentação do serviço, possa cuidar das mulheres de forma integral. Os trabalhos analisados, em sua maioria, são atravessados pelas temáticas de forma combinada, as ações se somam e se completam em diferentes níveis dentro dos relatos das autoras. Conclui-se que essa somatória se torna necessária e inevitável quando tratamos de violência, pois demanda da multiplicidade de ações para dar conta das características da violência.

Abstract: Violence against women is a global issue that has reached pandemic proportions. The prevention of this violence is a theme present in the work of health professionals in the Unified Health System. The growing public policies on the subject, since the recognition of violence as a health agenda, demonstrate the effort of this sector in contributing to the fight against it, assuming its role in a multifaceted, intersectoral, and transdisciplinary struggle. The WHO advises that a strengthened plan for confronting violence, among other recommendations, must be supported by specific scientific research on the subject based on proven practices (WHO, 2008). The study aims to analyze strategies for preventing violence against women in the Unified Health System through papers presented and published at the 1st National Seminar on Health Strategies to Combat Violence Against Women. It consists of research with a qualitative approach and descriptive character, of the documentary type. The documents used in this research were restricted to the totality of fifteen works approved and presented at the event, representing eleven Brazilian states, distributed among the five regions of the country. They were treated using Thematic Analysis guided by the authors Braun and Clarke. Coping with violence against women is diffused within the work, as it is understood that a range of strategies is advocated when we talk about combating violence. Three themes were produced from the analysis of the documents, which sought to synthesize how the prevention of violence against women can be expressed in the work process of health professionals and SUS managers. The processes of permanent education and health education were highlighted as very important vectors of social transformation; access to health care as a guarantee of a truly universal SUS that considers the specificities of women in situations of violence; and the organization of a hybrid network that handles the complexity of confronting violence and, overcoming the fragmentation of the service, can provide comprehensive care for women. The analyzed works, for the most part, are crossed by the themes in a combined way, the actions add up and complete each other at different levels within the authors' reports. It is concluded that this sum becomes necessary and inevitable when dealing with violence, as it demands a multiplicity of actions to account for the characteristics of violence.