Avaliação do diagnóstico de lesões precursoras do câncer de colo do útero e da oncogenicidade do HPV através da determinação do número de regiões organizadoras de nucléolo (AgNOR)

Abstract

Introdução: O câncer de colo uterino é o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil. A infecção pelo HPV é conhecida por desempenhar um papel importante no desenvolvimento do câncer cervical. Embora o rastreamento primário com exame citopatológico de rotina e colposcopia seja a estratégia recomendada, a predição do comportamento biológico da neoplasia intraepitelial cervical de alto grau em pacientes individuais é desafiadora, sendo fundamental o desenvolvimento de novas técnicas que auxiliem no diagnóstico e planejamento terapêutico. A técnica de AgNOR é um método cito-histoquímico que evidencia as regiões organizadoras de nucléolo, sendo considerado um bom marcador de proliferação celular e consequentemente pode ser usado para avaliar malignidade. Objetivo: Avaliar a capacidade da técnica de AgNOR em identificar lesões precursoras do carcinoma de colo uterino e a oncogenicidade do HPV. Além de fazer uma análise comparativa entre os valores da contagem de AgNOR (clusters, satélites e AgNOR total) para avaliar qual deles seria mais útil na prática clínica. Método: Foi realizado um estudo transversal, no qual 87 mulheres atendidas no ambulatório de patologia cervical do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina e que tiveram alteração citológica no citopatológico do colo uterino foram submetidas à exame ginecológico e coleta de material para realização de teste de HPV e coloração AgNOR, além de biópsia para confirmação histopatológica. Resultados: Nesse estudo encontramos que os valores de AgNOR total e clusters são diretamente proporcionais ao grau da lesão, sendo em geral encontrados valores maiores de AgNOR nas neoplasias intraepiteliais cervicais III do que nas NIC I. Além disso, as amostras com maior número de clusters e AgNOR total eram das pacientes com HPV de alto risco oncogênico quando comparadas com as amostras das pacientes com HPV de baixo risco. Em relação ao tipo de contagem de AgNOR que deveria ser utilizada para o rastreio do HPV de alto risco oncogênico, encontramos que, assim como para a determinação do grau histológico da lesão, a contagem de clusters e de AgNOR total, seriam mais adequadas do que a contagem de satélites. Conclusões: A contagem de AgNOR demonstrou ser útil como adjuvante tanto no diagnóstico de lesões precursoras de colo uterino quanto na identificação do HPV de alto risco oncogênico. Vimos também ser possível a determinação de valores de corte para o rastreio das lesões de alto grau, auxiliando em casos duvidosos da citopatologia. Ademais, a contagem de clusters e AgNOR total foram mais adequadas do que a de satélites.

Abstract: Introduction : Cervical cancer is the third most common type of cancer among women in Brazil. HPV infection is known to perform an important role in the development of cervical cancer. Although primary screening with routine cytopathological examination and colposcopy is the recommended strategy, predicting the biological behavior of high grade cervical intraepithelial neoplasia in individual patients is challenging, being essential the development of new techniques to assist in diagnosis and therapeutic planning. The A gNOR technique is a cytohistochemical method that highlights the nucleolar organizer regions and is considered a good marker of cell proliferation, therefore can be used to assess malignancy. Objective: Evaluate the ability of the AgNOR technique to identify precursor lesions of cervical carcinoma and the oncogenicity of HPV. In addition, to perform a comparative analysis of the AgNOR count values (clusters, satellites, and total AgNOR) to assess which of them would be more useful in clinical practice. Method: A cross-sectional study was conducted, in which 87 women who attended the cervical pathology outpatient clinic at the University Hospital of the Federal University of Santa Catarina and had cytological abnormalities in the cervical cytology test, went through gynecological examination and material collection for HPV testing and AgNOR staining, in addition to biopsy for histopathological confirmation. Results: In this study, we found that the values of total AgNOR and clusters are directly proportional to the degree of the lesion, with generally higher values of AgNOR found in cervical intraepithelial neoplasia III compared to CIN I. Furthermore, samples with a higher number of clusters and total AgNOR belonged to patients with high-risk oncogenic HPV compared to samples from patients with low-risk HPV. Regarding the type of AgNOR count that should be used for screening high-risk oncogenic HPV, we found that, similar to determining the histological grade of the lesion, the count of clusters and total AgNOR would be more appropriate than the count of satellites. Conclusions: AgNOR counting proved to be useful as an adjunct in both the diagnosis of precursor lesions of cervical cancer and the identification of high-risk oncogenic HPV. We also found it possible to establish cutoff values for screening high-grade lesions, aiding in cases of cytological uncertainty. Furthermore, the count of clusters and total AgNOR were more appropriate than satellites.