Qualidade do composto de resíduos sólidos orgânicos urbanos da coleta seletiva do município de Florianópolis/SC - materiais inertes e metais pesados

Abstract

A fração orgânica é a principal componente dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) e apresenta alto potencial de valorização por meio de iniciativas descentralizadas de compostagem, que além de ser uma importante ferramenta para a destinação ambientalmente adequada dessa fração, se encontra cada vez mais integrada à agricultura por meio do material resultante. O objetivo deste trabalho foi analisar a qualidade do composto de Resíduos Sólidos Orgânicos Urbanos (RSOU) proveniente da coleta seletiva do município de Florianópolis/SC, no que diz respeito aos percentuais de contaminação por materiais inertes e metais pesados. Aos metais pesados, a metodologia decorreu do estudo da série histórica de análises laboratoriais entre os anos de 2019 até o momento e da comparação aos limites estabelecidos pela Instrução Normativa SDA Mapa nº 07/2016. Aos materiais inertes, a metodologia decorreu da coleta de dez amostras de 50 litros de composto homogeneizado, que passaram pelo processo de peneiramento manual para a retirada dos materiais inertes. Esses materiais, tratados como materiais não-compostáveis, foram lavados, pesados e classificados conforme sua composição. Os principais materiais encontrados foram fragmentos de sacolas plásticas, vidro, fitilho para hortaliças, sachês, pano multiuso, rótulo adesivo, lacre de leite e de garrafa plástica, rede EPE para frutas, plástico laminado, tampa plástica, tecido, dentre outros de menor frequência. A média do percentual de contaminação por materiais inertes foi de 0,16%, menos da metade do valor de 0,5% permitido pela legislação para o uso do composto como fertilizante orgânico, condicionador de solo ou substrato para plantas. Os metais pesados arsênio, cádmio, chumbo, cromo, mercúrio, níquel e selênio apresentaram concentrações não detectáveis. Esses parâmetros obtidos permitem que o composto seja classificado como fertilizante orgânico Classe "A", desde que atenda aos demais padrões estabelecidos pela Instrução Normativa SDA Mapa nº 61/2020.

The organic fraction is the main component of urban solid waste (USW) and has a high potential to increase in value through decentralized composting initiatives, which, in addition to being an important tool for the environmentally appropriate disposal of this fraction, is increasingly integrated into agriculture through the resulting material. The main goal of this work was to analyze the quality of the urban solid organic waste (USOW) compost produced by the selective waste collection in the city of Florianópolis/SC, evaluating the percentage of contamination by heavy metals and inert materials. Regarding heavy metals, the methodology resulted from the study of the historical series of laboratory analyzes between the years 2019 to date compared to the limits established by Normative Instruction SDA Mapa No. 07/2016. Regarding inert materials, the methodology resulted from the collection of ten samples of 50 liters of homogenized compost, which went through the manual sieving process to remove inert materials.These materials, treated as non-compostable materials, were washed, weighed and classified according to their composition. The main materials found were plastic bags fragments, glass, vegetable ribbons, sachets, multipurpose cloths, adhesive labels, milk and plastic bottle seals, EPE fruit nets, laminated plastic, plastic caps, clothes among others of lesser frequency. The average percentage of contamination by inert materials was 0.16%, less than half the 0.5% value that is allowed by legislation for the use of the compost as an organic fertilizer, soil conditioner or substrate for plants. The heavy metals arsenic, cadmium, lead, chromium, mercury, nickel and selenium presented undetectable concentrations. These parameters obtained allow the compost to be classified as a Class "A" organic fertilizer, provided that it complies with the other standards established by Normative Instruction SDA Mapa nº 61/2020.