“DA MORAL AOS BONS COSTUMES”: As Ferramentas Discursivas Institucionais Neoconservadoras das políticas educacionais do Brasil

Abstract

No presente trabalho, objetiva-se investigar e caracterizar o papel das ferramentas de institucionalização do neoconservadorismo nas políticas educacionais brasileiras. Isso porque, há indicativos de uma crescente onda neoconservadora no Brasil e no mundo, baseadas no neoliberalismo, conservadorismo e fundamentalismo religioso. Essa onda ameaça os ideais de liberdade, pluralidade e diversidade, elementos norteadores de uma educação crítica e libertadora. Para caracterizar essas ferramentas, foi realizada uma contextualização da origem e ascensão do neoconservadorismo, estabelecendo relações entre o neoconservadorismo dos Estados Unidos e do Brasil, haja vista a gênese desse movimento no contexto estadunidense e diversos comparativos sinalizados pela literatura. Ao identificar as principais características e influências do neoconservadorismo, buscou-se por políticos de relevância política, midiática e social que representam o discurso neoconservador das políticas educacionais brasileiras. Dessa forma, foi realizado um levantamento nas redes sociais, por meio das quais obteve-se as informações para análise. Essas informações foram analisadas com base na ferramenta metodológica da Análise Textual Discursiva (ATD), na qual o neoconservadorismo foi assumido enquanto categoria analítica central. Da base moralista, religiosa e anti-comunista do neoconservadorismo, foram destacadas duas vertentes, constituindo as subcategorias de “ideologia de gênero” e “doutrinação marxista”. Da análise discursiva, emergiram mais duas categorias, sendo elas o “‘Homeschooling’: a Moral vem de casa” e as “Escolas cívico-militar”: do menor Estado à maior Disciplina”. Pela análise discursiva, todas as subcategorias foram identificadas enquanto ferramentas discursivas institucionais com forte influência nas políticas educacionais, constituindo uma base da defesa de uma educação conservadora, que se mostra “liberal na economia e conservadora nos valores”. Com isso, pode-se planejar alternativas para reestruturação de um modelo de educação democrático e libertador que se contraponha à ferramentas de manipulação dos discursos.