Vieses metafísico-ontológicos em sistemática biológica: desde a história natural até a sistemática filogenética hennigiana

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Vieses metafísico-ontológicos em sistemática biológica: desde a história natural até a sistemática filogenética hennigiana

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Title: Vieses metafísico-ontológicos em sistemática biológica: desde a história natural até a sistemática filogenética hennigiana
Author: Batista, Ruãn Pontes Lins
Abstract: Esta pesquisa objetivou discutir os vieses metafísico-ontológicos subjacentes a diferentes programas de pesquisa na história da sistemática biológica, ressaltando a importância das mudanças metafísicas concatenadas pelo entomólogo Willi Hennig, o pai da sistemática filogenética. Por isso, foi utilizado como eixo comparativo o contraste entre diferentes casos da sistemática biológica pré-hennigiana e o caso particular da sistemática filogenética hennigiana. Após uma introdução que trata da validade da metafísica da biologia como disciplina autêntica, na filosofia contemporânea, a justificativa da importância de analisar o caso hennigiano é apresentada, mostrando como é só através dele que a sistemática biológica se adequa aos desafios metafísicos postos pela teoria evolutiva darwiniana. Antes de analisar vieses metafísico-ontológicos, a dissertação passa por um exame filosófico mais geral da sistemática biológica, que problematiza tanto a sua relação com atos classificatórios num sentido mais universal, quanto a sua própria definição como ciência, em vista de algumas imprecisões ainda correntes na literatura. Das diferentes dimensões filosóficas desta ciência, a sua dimensão metafísica é discutida em maior detalhe, servindo de âncora para um exercício analítico multifacetado, que começa pela narrativa e discussão de um experimento mental intitulado ?Parque Exobiótico?, que ressalta a incontornabilidade do uso de vieses metafísico-ontológicos por sistematas, usando uma ficção que possibilita a integração de diferentes ?sistemáticas biológicas? possíveis, desenvolvidas com referência a diferentes semaforontes provenientes de diferentes biotas possíveis. Posteriormente, os vieses metafísico-ontológicos da sistemática biológica são discutidos no âmbito de sua própria historiografia, tomando como objetos as sistemáticas biológicas aristotélica, cristianizada, fenética e a transformista. Para além de ressaltar os vieses singulares a cada um destes programas de pesquisa, que refletem como é inadequado cobrir toda esta diversidade sob o guarda-chuva do ?essencialismo? ou do ?pensamento tipológico? (referindo-se a uma carga metafísica única subjacente a toda história natural), também é discutido como toda esta diversidade, num sentido frouxo, está unida através de um ancoramento numa ontologia de substâncias. Num terceiro momento, uma análise mais profunda é executada, focada apenas nos vieses da sistemática filogenética hennigiana. Ela se dá em dois movimentos, um decomposicional e um sintético. O decomposicional envolveu a extração e discussão de vieses provenientes de importações metafísico-ontológicas centrais, periféricas ou mesmo de vieses usados como contraposições. Constatou-se a importância de noções como as de ?individualidade transtemporal dos táxons? (Nicolai Hartmann), ?relacionalidade multidimensional de entidades integradas causalmente? (Georg Theodor Ziehen), ?hierarquia mereológica de partição? (Joseph Henry Woodger), e a de ?emergentismo organicista-processualista? (Ludwig von Bertalanffy). Como resultado da execução do movimento sintético, evidenciou-se como tais vieses centrais estão interconectados, tanto entre si quanto com os periféricos, na estruturação de um panorama de alta coerência interna, capaz de acomodar os desafios metafísicos que surgem da necessidade de lidar com entidades biológicas fluidas num âmbito relacional. A dissertação finaliza com uma breve comparação entre estes vieses e aqueles subjacentes a sistemática biológica lineana, ressaltando o alto grau de incompatibilidade existente entre os dois, e como isso mina algumas tentativas contemporâneas de reconciliação entre tais abordagens.Abstract: This research aimed to discuss the metaphysical-ontological biases underlying different research programs in the history of biological systematics, emphasizing the importance of the metaphysical changes concatenated by the entomologist Willi Hennig, the father of phylogenetic systematics. Therefore, the contrast between different cases of pre-Hennigian biological systematics and the particular case of hennigian phylogenetic systematics was used as a comparative axis. After an introduction that deals with the validity of the metaphysics of biology as an authentic discipline in contemporary philosophy, the justification for the importance of analyzing the hennigian case is presented, showing how it is only through it that biological systematics fits the metaphysical challenges posed by the Darwinian evolutionary theory. Before analyzing metaphysical-ontological biases, the dissertation goes through a more general philosophical examination of biological systematics, which problematizes both its relationship with classificatory acts in a more universal sense, and its own definition as a science, in view of some still current inaccuracies in the literature. Of the different philosophical dimensions of this science, its metaphysical dimension is discussed in greater detail, serving as an anchor for a multifaceted analytical exercise, which begins with the narrative of a mental experiment entitled ?Exobiotic Park?, which highlights the unavoidability of the use of metaphysical-ontological biases by systematists, using a fiction that enables the integration of different possible ?biological systematics?, developed with reference to different semaphoronts from different possible biotas. Subsequently, the metaphysical-ontological biases of biological systematics are discussed within the scope of its own historiography, taking Aristotelian, Christianized, Phenetic and Transformist biological systematics as objects. In addition to highlighting the unique biases of each of these research programs, which reflect how inappropriate it is to cover all this diversity under the umbrella of ?essentialism? or ?typological thinking? (referring to a unique metaphysical charge underlying the entire natural history), it is also discussed how all this diversity, in a loose sense, is united through an anchoring in an ontology of substances. In a third moment, a deeper analysis is performed, focused only on the biases of the Hennigian phylogenetic systematics. It takes place in two movements, one decompositional and a synthetic one. The decompositional movement involved the extraction and discussion of biases arising from central, peripheral metaphysical-ontological imports or even from biases used as counterpositions. The importance of notions such as ?transtemporal individuality of taxa? (Nicolai Hartmann), ?multidimensional relationality of causally integrated entities? (Georg Theodor Ziehen), ?mereological hierarchy of partition? (Joseph Henry Woodger), and that of ?organicist-processualist emergentism? (Ludwig von Bertalanffy), was highlighted. As a result of the execution of the synthetic movement, it became evident how such central biases are interconnected, both among themselves and with the peripheral ones, in structuring a panorama of high internal coherence, capable of accommodating the metaphysical challenges that arise from the need to deal with fluid biological entities in a relational approach. The dissertation ends with a brief comparison between these biases and those underlying Linnaean biological systematics, highlighting the high degree of incompatibility between the two, and how this undermines some contemporary attempts to reconcile such approaches.
Description: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2023.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/251253
Date: 2023


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