Fundamentos históricos e teórico-metodológicos dos feminismos de(s)coloniais: contribuições ao debate feminista na América Latina e Caribe

Abstract

O presente trabalho tem por objetivo contribuir para a compreensão dos fundamentos históricos e teórico-metodológicos dos feminismos de(s)coloniais latinoamericanos. Para contextualizar o giro decolonial na América Latina e Caribe, analisou-se a trajetória do Grupo Sul-Asiático de Estudos Subalternos, passando pelo Grupo Latinoamericano de Estudos Subalternos até chegar à criação do Projeto Modernidade/Colonialidade. Para demonstrar o encontro entre o feminismo latinoamericano e o giro de(s)colonial, estudou-se a trajetória de vida e a obra de três feministas: María Lugones, Yuderkys Espinosa Miñoso e Ochy Curiel. Através dos principais conceitos identificados, evidenciam-se as diferenças entre feminismo de(s)colonial, pós-colonial e interseccional, que por vezes são tomados como sinônimos na Academia e nos movimentos sociais. Discutem-se, ainda, as contribuições da perspectiva de(s)colonial ao debate feminista latinoamericano e seus limites e lacunas teóricas, em especial o embate com o marxismo. Por fim, são tecidas algumas considerações a respeito das implicações da adoção da perspectiva de(s)colonial pelo Serviço Social brasileiro.

Abstract: This work aims to contribute to the understanding of the historical and theoretical-methodological foundations of Latin American decolonial feminisms. In order to contextualize the decolonial turn in Latin America and the Caribbean, the trajectory of the South Asian Group of Subaltern Studies was analyzed, passing through the Latin American Group of Subaltern Studies until reaching the creation of the Modernity/Coloniality Project. To demonstrate the encounter between Latin American feminism and the decolonial turn, the life trajectory and work of three feminists was studied: María Lugones, Yuderkys Espinosa Miñoso and Ochy Curiel. Through the main concepts identified, the differences between decolonial, postcolonial and intersectional feminism are highlighted, which are sometimes taken as synonyms in academia and social movements. It also discusses the contributions of the decolonial perspective to the Latin American feminist debate and its limits and theoretical gaps, especially the clash with Marxism. Finally, some considerations are made regarding the implications of adopting a decolonial perspective by Brazilian Social Work.