Concordância e consistência de um dispositivo para monitoramento da intensidade no treinamento resistido com base em velocidade autosselecionada

Abstract

A velocidade de movimento (VM) vem sendo apontada como uma variável mais precisa para o monitoramento da intensidade no treinamento resistido (TR), método este conhecido como treinamento baseado em velocidade (VBT). Porém, os benefícios e aplicação prática deste método giram em torno da premissa da utilização da velocidade intencionalmente máxima (VIM), limitando seu uso em velocidade autosselecionada (VAS). Desta forma, o objetivo do presente estudo foi verificar a consistência e a concordância entre a intensidade de treino determinada por um dispositivo aplicado ao VBT e a percepção subjetiva do esforço (PSE) em séries realizadas até a exaustão em VAS no exercício supino reto. Foram realizados dois dias de testes com 35 homens e mulheres praticantes de TR (33,61±8,16 anos, 172,75±11,04 cm, 76,79±15,57 kg). No 1º dia foram realizados os seguintes procedimentos: realização de medidas antropométricas (estatura e massa corporal); um teste para estimativa de 1RM (equações preditivas) e apresentação da escala de PSE. Após, foram realizadas duas séries do exercício supino até a exaustão em uma das intensidades avaliadas (70%1RM ou 85%1RM), sendo a ordem definida por sorteio. 2º dia: realização de duas séries do exercício supino reto até a exaustão em uma das intensidades (70%1RM ou 85%1RM). Foi dado um intervalo de 10 minutos entre as séries e de pelo menos 48 horas entre as diferentes intensidades. O controle das variáveis de velocidade e repetições foi realizado em tempo real através do dispositivo Ergonauta, que por sua vez, possui um algoritmo baseado na perda de VAS capaz de estimar o número total de repetições possíveis, além de 3 zonas de esforço distintas, em séries realizadas até a exaustão. Verificou-se um grau de concordância moderado entre as repetições reais e as estimadas pelo dispositivo, em ambas as intensidades (70%1RM e 85%1RM). O teste de confiabilidade indicou uma consistência baixa entre as repetições reais e as estimadas na intensidade de 70%1RM e uma consistência moderada na intensidade de 85%1RM. Em relação as zonas de intensidade determinadas pelo dispositivo e as zonas de esforço baseadas na PSE, os testes indicaram a existência de uma concordância moderada e uma correlação (i.e., consistência) forte, em ambas as intensidades avaliadas (70%1RM e 85%1RM). Sendo assim, o mecanismo de previsão somado as zonas de intensidade de esforço sugeridas pelo dispositivo Ergonauta podem auxiliar a fornecer importantes informações práticas para praticantes e treinadores, visando um melhor controle de intensidade e volume do TR no contexto do VBT em VAS.

Abstract: Movement velocity has been identified as a more accurate variable for monitoring intensity in resistance training (RT), this method is known as velocity-based training (VBT). However, the benefits and practical application of this method revolve around the premise of using maximum intended velocity, limiting its use to self-selected velocity (VAS). Thus, the objective of the present study was to verify the consistency and agreement between the training intensity determined by a device applied to the VBT and the subjective perception of exertion (RPE) in sets performed until exhaustion in self-selected velocity in the bench press exercise. Two days of tests were carried out with 35 men and women practicing RT (33.61±8.16 years, 172.75±11.04 cm, 76.79±15.57 kg). On the 1st day, the following procedures were performed: anthropometric measurements (height and body mass); a test to estimate 1RM (predictive equations), and presentation of the subjective RPE scale. Afterward, two sets of bench press exercise were performed until exhaustion at one of the evaluation intensities (70%1RM or 85%1RM), with a randomly defined order. 2nd day: performance of two series of bench press exercise until exhaustion in one of the intensities (70%1RM or 85%1RM). An interval of 10 minutes was given between series and of at least 48 hours between different intensities. The control of velocity and repetitions variables was performed in real time through the Ergonauta device, which, in turn, has an algorithm based on the loss of VAS capable of estimating the total number of possible repetitions, in addition to 3 distinct effort zones, in sets performed until exhaustion. There was a moderate degree of agreement between the actual repetitions and those estimated by the device, in both intensities (70%1RM and 85%1RM). The reliability test indicated a low consistency between the actual and estimated repetitions at the 70%1RM intensity and a moderate consistency at the 85%1RM intensity. Regarding the intensity zones determined by the device and the effort zones based on the RPE, the tests indicated the existence of a moderate agreement, and a strong correlation (i.e. consistency), in both evaluated intensities (70%1RM and 85%1RM). Therefore, the prediction mechanism added to the effort intensity zones suggested by the Ergonauta device can help to provide important practical information for practitioners and coaches, aiming for better control of the intensity and volume of TR in the context of VBT in VAS.