Barreiras percebidas à prática de atividade física e sua relação com fatores sociodemográfico, ambientais e comportamentais em idosos

Abstract

A atividade física é amplamente reconhecida como uma estratégia fundamental para a saúde da população idosa, mas a inatividade física tem aumentado devido diversos fatores, como a falta de acesso a programas de atividade física e de locais adequados e seguros para realizar essa prática. Nesse contexto, este estudo tem como objetivo geral investigar as barreiras percebidas à prática de atividade física e sua relação com fatores sociodemográficos, ambientais e comportamentais entre idosos residentes em Florianópolis, Santa Catarina. Este estudo transversal utilizou dados da pesquisa \"Condições de Saúde da População Idosa do Município de Florianópolis, SC: Estudo de Coorte de base populacional (EpiFloripa Idoso 2017-2019)\", na qual 1.335 idosos foram entrevistados. Para análise, foram incluídos apenas os participantes com informações completas sobre as variáveis investigadas, totalizando 1.187 idosos. Para avaliar as barreiras à prática de atividade física, foi aplicada uma escala com 20 itens. Para coletar informações sobre a atividade física dos idosos, incluindo caminhada, foi registrado o tempo acumulado em minuto/semana seguindo a adaptação do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) longo para idosos. As variáveis sociodemográficas, incluíram sexo, idade e escolaridade. Para avaliar os fatores ambientais, medida objetiva, como o walkability, e subjetiva, como a percepção do ambiente foi utilizada, por meio da escala adaptada Neighborhood Environment Walkability Scale - Abbreviated (A-NEWS). Os dados foram tabulados no Microsoft Excel e no Statistical Package for the Social Sciences para análises descritivas e psicométricas (confiabilidade e validação fatorial). O software MPlus versão 8.0 foi utilizado para análise fatorial confirmatória e modelagem de equações estruturais. Utilizando o estimador WLSMV (Weighted Least Square Mean and Variance Adjusted) como estimador do modelo para barreiras percebidas, obtendo um ajustamento bom (X2/df = 363.34; CFI = 0,98; TLI = 0,87; RMSEA = 0.04; P [rmsea=0.05] 1.0; SRMR = 0.06). Na escala de ambiente percebido da vizinhança utilizando o mesmo estimador obtendo um ajustamento bom (X2/df = 337.65; CFI = 0,95; TLI = 92; RMSEA = 0.09; P [rmsea=0.05] 0,001; SRMR = 0,98). O modelo final apresentou um ajuste adequado para as estimativas propostas, e os resultados indicaram que um aumento no escore da escala de barreiras percebido como resultado em uma diminuição de 29 minutos/semana de atividade física no lazer entre os idosos. Além disso, a maior escolaridade associada à maior prática de atividade física de lazer, enquanto as mulheres apresentavam maior percepção de barreiras. Este estudo identificou as diferentes relações entre barreiras percebidas com as variáveis de ambiente, sociodemográficas e comportamentais, indicando a necessidade de que as políticas públicas voltadas para a promoção de atividades físicas considerem, os atributos do ambiente construído, características da população, contexto local, socioeconômico e desigualdades. Assim, este estudo tem potencial de subsidiar a estruturação de políticas públicas que integrem planejamento urbano, mobilidade, saúde e bem-estar da população idosa fomentando a prática de atividade física como ferramenta para a promoção de um modo de vida mais saudável e ativo.

Abstract: Physical activity is recognized as a important strategy for the health of older adults, but physical inactivity has increased due to various factors, such as lack of access to physical activity programs and suitable and safe places to engage in this practices. In this context, this study aims to investigate the perceived barriers to physical activity and their relationship with sociodemographic, environmental, and behavioral factors among older adults residing in Florianópolis, Santa Catarina. This cross-sectional study used data from the \"Health Conditions of the Older Adults Population of the Municipality of Florianópolis, SC: Population-based Cohort Study (EpiFloripa Aging 2017-2019)\" research, in which 1,335 older adults were interviewed. For the analysis, only participants with complete information on the investigated variables were included, totaling 1,187 older adults. To assess the barriers to physical activity, a 20-item scale was applied. To collect information on the physical activity of older adults, including walking, the accumulated time in minutes per week was recorded following the adaptation of the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) long version for older adults. The sociodemographic variables included sex, age, and education level. To assess environmental factors, objective measures such as walkability, and subjective measures such as perception of the environment were used, through the adapted Neighborhood Environment Walkability Scale - Abbreviated (A-NEWS). The data were tabulated in Microsoft Excel and the Statistical Package for the Social Sciences for descriptive and psychometric analyses (reliability and factor validation). The MPlus version 8.0 software was used for confirmatory factor analysis and structural equation modeling. Using the WLSMV (Weighted Least Square Mean and Variance Adjusted) estimator as the model for perceived barriers, a good fit was obtained (X2/df = 363.34; CFI = 0.98; TLI = 0.87; RMSEA = 0.04; P [rmsea=0.05] 1.0; SRMR = 0.06). For the perceived neighborhood environment scale using the same estimator, a good fit was also obtained (X2/df = 337.65; CFI = 0.95; TLI = 0.92; RMSEA = 0.09; P [rmsea=0.05] 0.001; SRMR = 0.98). The final model showed an adequate fit for the proposed estimates. The results indicated that an increase in the perceived barriers scale score resulted in a decrease of 29 minutes per week of leisure physical activity among older adults. Additionally, higher education was associated with greater leisure physical activity, while women showed a higher perception of barriers. This study identified the different relationships between perceived barriers and environmental, sociodemographic, and behavioral variables, indicating the need for public policies aimed at promoting physical activities to consider attributes of the built environment, population characteristics, local context, socioeconomic status, and inequalities. Thus, this study has the potential to support the structuring of public policies that integrate urban planning, mobility, health, and well-being of older adults, promoting physical activity as a tool for promoting a healthier and more active lifestyle.