Migrações africanas contemporâneas em trânsito pela Costa Rica: imaginários sociais, imagens de controle e fronteiras na "Suíça Centro-americana"

Abstract

Nos últimos anos, os fluxos de pessoas migrantes que atravessam o continente americano com o fim de chegar aos Estados Unidos e Canadá têm aumentado e se diversificado significativamente. Com suas distintas agendas, experiências, condições e motivações, pessoas da África, Ásia, do Caribe e América do Sul circulam por vários países do continente através de vias terrestres, aéreas, marítimas e fluviais. No caso desta dissertação, o interesse centrou-se no coletivo de pessoas africanas que transitam pelo território costarriquenho. Através de entrevistas realizadas com funcionários/as vinculados/as à área de migração, foram analisadas as suas percepções sobre os imaginários sociais que perceberam e com os quais tiveram que lidar nos espaços institucionais, comunitários, jornalísticos, entre outros, quando trabalharam com esta população. Partindo da relação entre os conceitos de imaginário social, nacionalismos, imagens de controle e os mecanismos de fronteira, foi possível problematizar como a forma que é imaginada e percebida a presença destes/as migrantes está vinculada com a formação e preservação da identidade nacional hegemônica que, no caso costarriquenho, está articulada às metanarrativas da branquitude, do igualitarismo e do pacifismo. Deste modo, foram debatidas as imagens de controle mais recorrentes associadas a esta migração segundo as pessoas entrevistadas, assim como algumas das interpelações e significações dos mitos nacionais costarriquenhos presentes na produção de tais imagens analisadas. Por outro lado, foram problematizadas as inquietações e reflexões das pessoas entrevistadas com relação a suas experiências de trabalho. Neste sentido, foram analisadas as limitações e restrições dos sistemas fronteiriços para as migrações em trânsito, as biopolíticas presentes com suas economias morais e a distribuição desigual do acolhimento a migrantes nas políticas humanitárias. Paralelamente, também foram sugeridas pistas para imaginar outras formas radicais de receber, conviver e interagir de maneira mais hospitaleira com estas populações migrantes.

Abstract: In recent years, migratory flows crossing the Americas to reach the United States and Canada have increased and diversified significantly. With their different agendas, experiences, conditions and motivations, people from Africa, Asia, the Caribbean and South America travel through several countries of the continent by land, air, sea and river. In the case of this research, the focus was on the group of African people who transit through Costa Rican territory. Through interviews with officials linked to the area of migration, the central objective of this investigation was to analyze the social imaginaries related to these African migrations in the country, mainly those that they perceived (in institutional, community, journalistic spaces, among others) when they were working with this population. From the relationship between the concepts of social imaginaries, nationalisms, images of control and border mechanisms, it was possible to discuss how the way in which the presence of these migrants is imagined and perceived is linked to the formation and preservation of the hegemonic national identity. which, in the Costa Rican case, is articulated in the metanarratives of whiteness, egalitarianism and pacifism. In this way, the most recurrent images of control associated with this migration according to the people interviewed were discussed, as well as some of the interpellations and meanings of the Costa Rican national myths present in the production of these analyzed images. On the other hand, the concerns and reflections of the people interviewed regarding their work experiences were problematized. In this sense, the limitations and restrictions of border systems for migration in transit, current biopolitics and their moral economies and the unequal distribution of reception in humanitarian policies were analyzed. At the same time, some of the clues to imagine other radical ways of receiving, living and interacting in a more hospitable context with these migrations were also reflected.