Políticas de ações afirmativas: contextos familiares e trajetórias acadêmicas de estudantes da UFSC

Abstract

A presente pesquisa, em nível de mestrado, teve como objetivo geral analisar como as desigualdades aparecem nas trajetórias escolares/acadêmicas e nos contextos familiares de estudantes que ingressaram na graduação da Universidade Federal de Santa Catarina por meio de Políticas de Ações Afirmativas. Para alcançar o objetivo geral, delimitou-se os seguintes objetivos específicos: i) perscrutar as desigualdades vividas pelos/os estudantes entrevistados em suas trajetórias escolares/acadêmicas e seus contextos familiares; ii) examinar obstáculos, dificuldades e embates vívidos por estudantes que vivem as desigualdades interseccionadas da UFSC em tempos de Pandemia da Covid-19; iii) compreender como as Políticas de Ações Afirmativas afetam a vida desses estudantes ao terem acesso à Universidade, buscando obter informações qualitativas que permitam conhecer melhor o perfil desses estudantes, suas expectativas, demandas e necessidades específicas frente ao Ensino Superior; iv) identificar avanços, entraves e limitações das Políticas de Ações Afirmativas para estudantes que vivem as desigualdades interseccionadas. O desenho metodológico anterior duas etapas de pesquisa: A primeira por meio de um questionário online, em que foram selecionados/os estudantes que vivenciaram desigualdades de forma interseccionais e optantes de Ações Afirmativas. A partir deste questionário, foram selecionados 7 estudantes interessados/os em participar da segunda etapa da pesquisa: uma entrevista narrativa que tratou sobre a trajetória de vida e escolar/acadêmica, apoio familiar e desafios de permanência na Universidade desses estudantes. Nas análises, as narrativas das experiências e trajetórias revelam entrelaçamentos e aproximações entre as/os entrevistadas/os, a exemplo do apoio familiar como exigências para os estudos, tanto na trajetória escolar da educação básica, quanto para o ingresso e permanência no Ensino Superior; a maioria das/os entrevistadas/os vislumbraram o acesso ao Ensino Superior por meio de relações com pessoas que já possuíam o Ensino Superior completo ou cursando; os desafios de permanência na Universidade, marcados, sobretudo, pela questão de classe econômica e nenhum/a das/os entrevistadas/os demarca como dificuldade de permanência o desempenho para compreender os conteúdos correspondentes ao seu curso.

Abstract: The present research, at the master's level, had the general objective of analyzing how inequalities appear in the school/academic trajectories and in the family contexts of students who entered the undergraduate course at the Federal University of Santa Catarina through Affirmative Action Policies. In order to reach the general objective, the following specific objectives were defined: i) to scrutinize the inequalities experienced by the interviewed students in their school/academic trajectories and their family contexts; ii) examine obstacles, difficulties and clashes experienced by students who experience the intersecting inequalities of UFSC in times of the Covid-19 Pandemic; iii) understand how the Affirmative Action Policies affect the lives of these students when they have access to the University, aiming to obtain qualitative information that allows a better understanding of the profile of these students, their expectations, demands and specific needs regarding Higher Education; iv) identify advances, obstacles and limitations of Affirmative Action Policies for students who experience intersecting inequalities. The methodological design provided for two stages of research: The first through an online questionnaire, in which students who experience inequalities in an intersectional way and opting for Affirmative Actions were selected. From this questionnaire, 7 students interested in participating in the second stage of the research were selected: a narrative interview that dealt with their life and school/academic trajectory, family support and challenges of permanence at the University of these students. In the analyses, the narratives of experiences and trajectories reveal intertwining and approximations between the interviewees, such as family support as essential for studies, both in the school trajectory of basic education, and for entering and remaining in Higher Education; most of the interviewees envisaged access to Higher Education through relationships with people who already had completed Higher Education or were studying it; the challenges of permanence at the University, marked, above all, by the question of economic class and none of the interviewees demarcated as a difficulty of permanence the performance to understand the contents corresponding to their course.