Efeitos nos desfechos de capacidade funcional, fadiga relacionada ao câncer e força muscular em crianças e adolescentes em tratamento oncológico submetidos a um protocolo de atividade física domiciliar

Abstract

O câncer infantojuvenil é uma doença grave que afeta crianças e adolescentes, causando diversos efeitos adversos, tanto agudos quanto atuais. O tratamento é agressivo e visa a cura, mas muitas vezes não leva em conta as necessidades específicas dessa faixa etária. Uma das formas de complementar o tratamento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes é a atividade física domiciliar, que pode trazer benefícios consideráveis. Neste trabalho, avaliamos o impacto de um programa de atividade física domiciliar, na capacidade funcional, na fadiga relacionada ao câncer e na força muscular de pacientes oncológicos infantojuvenis. Trata-se de um ensaio clínico não controlado, com 25 participantes (14 meninos), de 4 a 14 anos (mediana de 10 anos), em tratamento ativo para o câncer (15 tumores não sólidos) e 20 em tratamento por quimioterapia. A intervenção durou 12 semanas, com frequência de duas vezes por semana, em ambiente domiciliar, utilizando cadernos de atividades físicas (CAF 1 para 4 a 11 anos/ CAF 2 para 12 a 14 anos) elaborados pelos próprios autores. A adesão aos CAFs foi de 77,60% ± 17,78%. Os resultados foram analisados ??pelo teste t de estudante para dados pareados e estão divididos por análises por protocolo (PP) e por intenção de tratar (ITT). Os resultados para a capacidade funcional medida pelo teste Timed Up and Go, na análise da ITT, não apresentaram diferença significativa (p>0,1); entretanto, na análise PP houve um aumento do tempo significativo (p<0,001). Na fadiga relacionada ao câncer, avaliada pelo Pedsql?, houve diferença significativa em ambas as análises PP (p=0,038) e ITT (p=0,039) para a fadiga total; nos domínios sono, fadiga mental e geral não houve diferença estatística; entretanto , houve uma redução dos sintomas de fadiga muito importante clinicamente. Na força muscular, mensurada pelo dinamômetro portátil, houve diferença estatística em alguns grupos musculares: por PP, flexores de Joelho esquerdo (p=0,045) e cotovelo esquerdo (p=0,027), além dos extensores de cotovelo esquerdo (p=0,027); na análise por ITT, flexores de joelho esquerdo (p<0,001) e cotovelo esquerdo (p<0,001), extensores de joelho esquerdo (p<0,001), e extensores de cotovelo direito (p<0,001). Além destes resultados, houve manutenção da força nos demais grupos musculares avaliados. Concluímos que a intervenção com os cadernos foi eficaz significativamente na capacidade funcional, em alguns domínios de fadiga e em parte dos grupos musculares (flexores e extensores de cotovelo e joelho esquerdo), além dos extensores de cotovelo direito; e nos demais resultados obtiveram resultados importantes clinicamente relevantes.

Abstract: Pediatrics cancer is a serious disease that affects children and adolescents, causing several adverse acute and chronic effects. The treatment is aggressive and aims at curing, but often does not take into account the specific needs of this age group. One of the ways of complementing the treatment and improving the quality of life of patients is physical activity at home, which can bring numerous benefits. In this work, we evaluated the impact of a home physical activity program on the functional capacity, cancer-related fatigue and muscle strength of child and adolescent cancer patients. This is an uncontrolled clinical trial, with 25 participants (14 boys), aged 4 to 14 years old (median 10 years), in active treatment for cancer (15 non-solid tumors) and 20 in chemotherapy treatment. The intervention lasted 12 weeks, twice a week, at home, using physical activity notebooks (CAF 1 for 4 to 11 years old / CAF 2 for 12 to 14 years old) prepared by the authors themselves. Adherence to the CAFs was 77.60%, with a standard deviation of 17.78%. Results were analyzed using Student's t-test for paired data and are divided into per-protocol (PP) and intention-to-treat (ITT) analyses. The findings for the functional capacity measured by the Timed Up and Go test, in the ITT analysis, showed no significant difference (p>0.1); however, in the PP analysis there was a significant decrease in time (p<0.001). In cancer-related fatigue assessed by participants using the PedsQl? , there was a significant difference in both PP (p=0.038) and ITT (p=0.039) analyzes for total fatigue; in the domains sleep, mental and general fatigue there was no statistical difference; however, there was a clinically important reduction in fatigue symptoms. And in muscle strength, measured by the portable dynamometer, there was a statistical difference in some muscle groups: by PP, left knee flexors (p=0.045) and left elbow (p=0.027), in addition to left elbow extensors (p=0.027); in the ITT analysis, left knee flexors (p<0.001) and left elbow (p<0.001), left elbow extensors (p<0.001), and right elbow extensors (p<0.001). In addition to these results, strength was maintained in the other muscle groups evaluated. We concluded that the intervention with the notebooks was significantly effective in terms of functional capacity, in some domains of fatigue and in part of the muscle groups strength (flexors and extensors of the elbow and left knee), beyond the extensors of the right elbow; and in the other outcomes, they obtained important clinical results.