Abstract:
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O objetivo desta pesquisa foi analisar e compreender três das dimensões da Ciência
Aberta – avaliação por pares aberta, preprints e dados de pesquisa subjacentes aos
artigos – e como eles influenciam o processo editorial de periódicos. Caracteriza-se
como pesquisa quali-quantitativa, do tipo exploratória e descritiva. Optou-se pela
técnica de revisão de literatura estruturada do tipo escopo para identificar os
elementos que impactam a editoração científica de periódicos. As bases de dados
para consulta das fontes foram: Brapci, Lisa, Ista, Emerald, Scopus, Web of Science,
DOAJ, SciELO e Redalyc. Para o tratamento da literatura, foram utilizadas Mendeley
e Ryyan. O total de artigos encontrados nas bases somaram 2.340 e foram
incorporadas 109 referências, o que sinalizou uma lacuna na literatura brasileira sobre
a temática. Por meio do questionário, identifica a percepção dos editores brasileiros
em relação à aplicação desses elementos nos periódicos e mapeiam as vantagens e
desvantagens das três dimensões na editoração de periódicos. Além disso, foi
adicionada a técnica de observação in loco para complementar a análise do perfil dos
periódicos participantes e obter uma visão mais representativa da realidade. Os
resultados mostraram divergências entre as percepções dos editores sobre suas
políticas editoriais e o que está publicamente disponível. Os editores demonstraram
satisfação pelo modelo atual de comunicação científica, a avaliação duplo cega, e são
desfavoráveis a qualquer tipo de identificação de autoria dos pareceristas, embora
percebam como vantagens da avaliação por pares aberta a interação mútua entre
autores e revisores visando à melhoria da qualidade dos periódicos; como barreiras,
apontaram os conflitos de interesse e rivalidades que a abertura da avaliação pode
gerar, a dificuldade em encontrar pareceristas que aceitem as inovações e os hábitos
das áreas que comprometem a aceitação das possibilidades de abertura. Quanto às
pré-impressões, apesar de terem familiaridade com o termo, não têm experiência
como editor, autor ou avaliador. Sobre o preprint, entendem que apresenta mais
desvantagem do que vantagem, pois, apesar de reconhecerem que está acelera a
publicação, estão receosos no que se refere aos casos de fraude, ou má prática, assim
como confusão sobre que versão citar, e os aspectos singulares das áreas que podem
afetar os hábitos de depósito dos preprints. Em relação aos dados, os editores se
mostraram mais receptivos ao percebê-los como mais vantajosos (pela facilidade de
acesso; pelos dados associados aos artigos, o que favorece a validação dos
resultados) que desvantajosos (pelo uso e apropriação indevida dos dados e pela
incerteza de que a disponibilização dos dados pode comprometer a exploração deles
e os possíveis interesses econômicos). A comparação das respostas do questionário
aplicado no Brasil com as da Espanha revelou forte similaridade nos dois cenários,
em que se encontrou quatro divergências não significativas. Faz recomendações
práticas para considerar as três dimensões para o desenvolvimento de políticas
editoriais alinhadas a Ciência Aberta. Conclui-se que os editores estão resistentes a
essas demandas de Ciência Aberta principalmente pela falta de uma infraestrutura
que incorpore novas culturas de transparência, responsabilidade e colaboração nos
processos de realização da pesquisa e de comunicação científica. |