Intervenções em Educação Física escolar para favorecer o engajamento de crianças e adolescentes nas aulas e em atividades físicas: revisão sistemática de estudos com base na teoria da autodeterminação.

Abstract

Introdução: A maneira como o professor lida com os contingentes psicológicos e estratégias de ensino durante as aulas pode determinar a qualidade da motivação e do engajamento dos alunos nas aulas de Educação Física. Objetivo geral: Investigar o efeito de intervenções motivacionais no contexto escolar, baseadas na Teoria da Autodeterminação, sobre o engajamento comportamental, cognitivo, emocional e geral; a intenção de ser fisicamente ativo; o nível de atividade física; a satisfação das necessidades psicológicas básicas e a motivação autônoma em outros contextos; bem como o apoio por pares, nas aulas de Educação Física. Método: Este estudo se caracteriza como uma revisão sistemática com meta-análise. A revisão da literatura foi conduzida em quatro bases de dados eletrônicos: PsycINFO, SPORTDiscus, Scopus e PubMed. A busca inicial identificou 32.316 estudos. Foram incluídos apenas estudos experimentais e quase-experimentais, com grupo controle (aula regular de Educação Física) e grupo experimental (intervenções motivacionais baseadas na Teoria da Autodeterminação, ex: apoio à autonomia), com medidas pré e pós-teste; com alguma medida de suporte das necessidades psicológicas básicas do professor, ou dos pares, nas aulas de Educação Física escolar, com crianças e adolescentes. Não foram incluídos: estudos observacionais transversais e qualitativos, populações clínicas, e não ser um texto em língua inglesa. Todas as análises foram realizadas utilizando o pacote metaSEM no R, e incluíram um cálculo de estimativas de efeitos combinados, teste de heterogeneidade e variância. Os desfechos foram moderados para a qualidade dos estudos quanto ao risco de viés (ferramenta Cochrane) e desenho dos estudos. Os tamanhos de efeito dos estudos primários foram transformados em diferenças médias padronizadas (Hedges? g), entre as médias do grupo controle e intervenção no pré e pós-teste, com intervalo de confiança de 95%. Resultados: Os resultados deste estudo sugerem que as intervenções motivacionais nas aulas de Educação Física escolar, apoiadas nos pressupostos da Teoria da Autodeterminação, têm um efeito positivo, porém heterogêneo no engajamento do estudante, como na satisfação das necessidades psicológicas básicas em outros contextos (g = 0.378, IC 95% = 0.27 a 0.49), na motivação autônoma em outros contextos (g = 0.565, IC 95% = 0.42 a 0.71), na intenção de ser fisicamente ativo (g = 0.546, IC 95% = 0.31 a 0.78), e no apoio por pares (g = 0.520, IC 95% = 0.20 a 0.84), além de maior engajamento emocional, quando observados para estudos com baixo risco de viés (g = 0.776, IC 95% = 0.39 a 1.16). Mas não tiveram efeito, para engajamento comportamental, cognitivo, geral e nível de atividade física. Este trabalho foi conduzido a partir da linha de pesquisa: Processos e Programas de Promoção da Atividade Física. Vinculada ao projeto de pesquisa: Estratégias motivacionais para o suporte das necessidades inerentes da atividade física e das necessidades psicológicas básicas para a compreensão e engajamento de crianças e adolescentes nas aulas de Educação Física e iniciação esportiva.

Abstract: Introduction: The way teachers handle psychological demands and teaching strategies can influence students? quality of motivation and engagement in physical education lessons. Aim: To examine the effects of school-based motivational interventions, underpinned by Self-determination theory on students? behavioural, cognitive, emotional, and general engagement; intentions to be physically active; physical activity levels, need satisfaction and autonomous motivation out of the school, as well as peer support during school physical education. Methods: Systematic review with meta-analysis. Searches were conducted in four electronic databases, PsycINFO, SPORTDiscuss, Scopus, and PubMed. Searches yielded a total of 32.315 studies. Studies were then screened for the following eligibility criteria: experimental design (RCT or quasi-experimental); pre and post measures reported; at least one measure of needs support from the teachers or peers during physical education lessons; sample of children or adolescents; published in English. Studies with qualitative data, observational design, or conducted with special populations were excluded. All analyses were conducted using the metaSEM package in R. A three-level meta-analysis approach was employed to meta-analyse combined effects using Hedge?s g, heterogeneity, and variance of the data. Moderate effects were found for risk of bias and study design. Results: Intervention effects were found for in-class students? engagement, out of the school need satisfaction (g = .38, CI = [.27; .50]), out of the school autonomous motivation (g = .57; CI [.42; .72]), intentions to be physically active (g = .55; CI [.31; .78]), and in-class peer support (g = .52; CI [.20; .84]). Studies with low bias also reported higher emotional engagement levels. No intervention effects were found for behavioural, cognitive, or general engagement, or physical activity levels.