Abstract:
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Vinhos finos são derivados exclusivamente de cultivares europeias (Vitis vinifera L.),
tais como Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Pinot Noir e Merlot, que conferem
qualidade superior às cultivares americanas. No entanto, estas cultivares são
suscetíveis a diversas doenças e, quando cultivadas em regiões com elevada
precipitação, ocorre a infecção do míldio da videira (Plasmopara viticola), que pode
resultar na perda de até 100% da produção, quando não manejada eficazmente. A
alternativa mais sustentável é o desenvolvimento de cultivares resistentes. O uso da
seleção assistida por marcadores moleculares (SAMM) permite piramidar genes de
resistência, além de reduzir de 5 a 10 anos o tempo para o lançamento de cultivares
resistentes com qualidade para vinhos finos. Assim, o presente trabalho objetivou
aplicar SAMM para selecionar progênies contendo alelos de resistência (R-genes) à
P. viticola piramidados. Para o estudo foi utilizada uma população de cruzamento (PR1 x PR-8) que segrega para os alelos de resistência Rpv1, Rpv3.1 e Rpv10. O DNA
de 61 progênies e dos parentais foi extraído utilizando protocolo baseado no método
CTAB. O DNA foi amplificado via PCR com marcadores moleculares do tipo CAPS e
microssatélites, ligados aos três alelos de resistência ao míldio. Os marcadores CAPS
foram amplificados via PCR, os amplicons digeridos com enzima específica e os
fragmentos de DNA foram separados por meio de eletroforese em gel de agarose
(1,5%). Os marcadores microssatélites amplificados via PCR e os amplicons
separados em eletroforese de capilar. Complementarmente, foi realizada a análise
fenotípica, na qual foi aplicada uma suspensão contendo esporos de P. viticola sobre
discos foliares de cada progênie e, após sete dias, foi feita a análise do nível de
resistência utilizando o descritor OIV-452. Como resultado, foram identificadas 12
progênies com nenhum alelo de resistência, 25 com apenas um alelo e 21 com ao
menos dois alelos de resistência piramidados. Das progênies que obtiveram
piramidação, três possuem Rpv1 + Rpv10, quatro possuem Rpv1 + Rpv3.1, nove
possuem Rpv10 + Rpv3.1 e cinco possuem Rpv1 + Rpv3.1 + Rpv10. As progênies
contendo ao menos um alelo Rpv foram mais resistentes que as progênies sem
nenhum alelo Rpv, com exceção do alelo Rpv3.1, para o qual as 14 progênies
demonstraram suscetibilidade. Este resultado sugere adaptação do patógeno a este
alelo de resistência. De modo geral, a piramidação de alelos Rpv aumentou a
resistência e nenhuma das progênies contendo alelos piramidados foi suscetível, com
exceção das que apresentaram Rpv3.1 + Rpv10. Estes resultados são fundamentais
para o programa de melhoramento genético da UFSC em parceria com a Epagri. |