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A microbiota vaginal exerce um papel importante para a manutenção da
saúde do trato genital feminino. Os microrganismos produzem barreiras naturais
que inibem a proliferação de agentes danosos à saúde feminina. O desequilíbrio
vaginal, decorrente da substituição da microbiota lactobacilar normal por outras
bactérias, fungos ou parasitas, pode desencadear uma série de sintomas, como
o corrimento anormal, prurido, ardor etc., que leva a quadros de vaginose
bacteriana (VB), vaginite, candidíase, cervicite e ISTs, dependendo do agente
causador. A metodologia de diagnóstico padrão é a coloração do esfregaço
vaginal pelo Gram, que possibilita quantificar o número de bactérias e
lactobacilos patogênicos, resultando em um escore que determina se há
infecção ou normalidade da microbiota vaginal, chamado critérios de Nugent. O
diagnóstico laboratorial da cervicite causada por ISTs pode ser feito pela
detecção do material genético dos agentes infecciosos por biologia molecular.
Foram incluídas neste estudo amostras de secreção vaginal cedidas pelo setor
de microbiologia da Unidade de Laboratório do HU/UFSC/EBSERH e amostras
dos centros de saúde de Florianópolis as quais foram anonimizadas,
identificadas apenas por número sequencial. Por meio da classificação de
Nugent, das 99 amostras analisadas, 57 foram consideradas normais, ou seja,
sem elementos suficientes que justificassem um quadro infeccioso, levando em
consideração apenas os critérios contemplados pelo método. Os que se
enquadraram em disbiose foram 36. Diversos microrganismos foram detectados
pelo teste de biologia molecular AllplexTM Bacterial Vaginosis, entretanto, apenas
38 das 103 submetidas ao teste, foram classificadas como positivas. GV, AV,
MEGA1 e BVAB2 foram os mais comumente encontrados. Essas mesmas
amostras foram testadas pelo kit AllplexTM CT/NG/MG/TV Assay (Seegene) e
dessas 103, 15 detectaram alguma IST, sendo cinco CT, três MG, três NG e
duas TV. Em duas amostras foram detectadas coinfecção, sendo uma NG+CT e
uma TV+CT. Os resultados foram associados à detecção de inflamação (alta
presença de leucócitos) identificada durante a bacterioscopia para determinar a
ocorrência de cervicite associada. Apenas cinco (5) eram sugestivas de Candida
spp., porém sem presença alta de leucócitos, 10 apresentaram Candida spp.
associada à quantidade aumentada de leucócitos, sete (7) apresentaram sinais
de inflamação juntamente com a detecção de alguma IST e cerca de 30%
apresentou sinal inflamatório sem um motivo determinado pelo estudo. O teste
kappa teve como resultado um valor considerado moderado, não sendo possível
estabelecer uma relação concreta entre os métodos moleculares e
bacterioscopia, sendo necessários mais estudos desse tipo. |
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