A construção do Eu transpessoal na escrita de Os anos, de Annie Ernaux e a “sensação palimpsesto” na reescrita de um passado comum

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A construção do Eu transpessoal na escrita de Os anos, de Annie Ernaux e a “sensação palimpsesto” na reescrita de um passado comum

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Title: A construção do Eu transpessoal na escrita de Os anos, de Annie Ernaux e a “sensação palimpsesto” na reescrita de um passado comum
Author: Mendes, Nathalia da Silva
Abstract: Neste Trabalho de Conclusão de Curso propõe-se uma análise da construção do Eu transpessoal – expressão cunhada por Annie Ernaux para designar a impessoalidade de seu enunciador (1993, 2022a) – da obra Les années [Os anos] (2008), a partir da tradução de Marília Garcia, para tanto, em um primeiro momento, destaca-se o estilo de escrita “factual” da autora na representação do real vivido. Num segundo momento, o foco é dado à escolha pronominal da narração e aos fragmentos do livro que exemplificam as mudanças socioculturais por meio da variação de tópicos de conversação nas refeições familiares. A partir daí, destaca-se a relação entre escrita e experiência, própria à autobiografia e complexificada no termo autonarração, proposto por Arnaud Schmitt e redefinido por Philippe Gasparini (Hidalgo, Luciana, 2013). Por fim, inspirada na criação artística como rede em processo (Salles, Cecilia Almeida, 2006) busca-se criar a partir da “sensação palimpsesto” (Ernaux, Annie, p. 185, 2021), ou seja, criar na sobreposição temporal do passado narrado no passado recente, por meio de um exercício de escrita criativa que reorganiza as palavras de Ernaux na tessitura de um novo relato. Partindo da marcação da passagem do tempo na história individual e na História coletiva, aponta-se – nesse entrelugar do público e do privado – a memória como instrumento de criação literária na reconstrução de um passado comum.Dans ce mémoire de conclusion de cours on analyse la construction du Je transpersonnel – un terme créé par Annie Ernaux pour désigner l'impersonnalité de son énonciateur (1993, 2022a) – dans le livre Les années (2008), d'après la traduction en portugais brésilien de Marília Garcia. Pour cela, on met en évidence le style d'écriture « factuel » de l'auteure dans la représentation du réel vécu. Ensuite, l'accent est mis sur le choix pronominal dans la narration et sur les fragments du livre qui illustrent les changements socioculturels à travers la variation des sujets de conversation lors des repas familiaux. Par la suite, la relation entre l'écriture et l'expérience est présentée comme une caractéristique de l'autobiographie et complexifiée dans le terme autonarration, proposé par Arnaud Schmitt et redéfini par Philippe Gasparini (Hidalgo, Luciana, 2013). Enfin, inspirée par la création artistique comme réseau en processus (Salles, Cecilia Almeida, 2006), on propose – à partir de la « sensation palimpseste » (Ernaux, Annie, 2021, p. 185) – un exercice d'écriture créative qui réorganise les mots d'Ernaux dans le tissage d'un nouveau récit, créé dans la superposition temporelle du passé raconté sur le passé récent. En partant des indices du temps qui passe dans l'histoire individuelle et dans l'Histoire collective, on considère – dans cet entre-deux du public et du privé – la mémoire comme instrument de création littéraire dans la reconstruction d'un passé commun.
Description: TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Letras Francês.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/253163
Date: 2023-12-11


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