Colonização, trabalho e litígio: a construção da estrada Blumenau - Curitibanos

Abstract

A pesquisa busca analisar o processo de abertura e construção da Estrada Blumenau - Curitibanos como um movimento de colisão dos interesses de diferentes agentes durante a expansão da zona de colonização no Vale do Itajaí. A ocupação planejada do Vale do Itajaí está localizada nos planos do Governo Imperial em incentivos ao estabelecimento de uma economia ligada à instalação da pequena labora. A pesquisa considera que as obras de abertura e construção de estradas não serviram apenas como meio de promoção da integração das zonas produtivas e do trabalho aos colonos. Mais do que um projeto de infraestrutura, as obras foram incluídas enquanto empreendimentos lucrativos para um pequeno segmento da sociedade, geralmente pessoas ligadas às lideranças coloniais e políticas da região. Seja por meio da valorização de lotes contíguos à estrada, ou por meio de contratos de concessão firmados com o governo, a execução desses trabalhos promove uma ampla captura de terras por meio da expulsão de grupos e comunidades condicionais em seu caminho. Através da análise de episódios de levante de trabalhadores de obras públicas e relatos em processos judiciais envolvendo a disputa de terras, a pesquisa busca abordar os debates e desentendimentos resultantes dessas interações em diferentes escalas.

Abstract: The research seeks to analyze the process of opening and construction of the Blumenau - Curitibanos Road as a movement collision of the interests of different agents during the expansion of the colonization zone in the Itajaí Valley. The planned occupation of the Itajaí Valley is located in the plans of the Imperial Government in incentives to the establishment of an economy linked to the establishment of small farming. The research considers that the opening and construction of roads did not serve only as a means of promoting the integration of productive areas and work for settlers. More than an infrastructure project, the works were constituted as profitable ventures for a small segment of society, usually people linked to the colonial and political leaders of the region. Either through the valuation of lots adjacent to the road, or through concession contracts signed with the government, the execution of these works promoted a wide capture of lands through the expulsion of groups and communities established in its path. Through the analysis of episodes of public works workers' uprisings and reports in legal proceedings involving land disputes, the research seeks to address the clashes and disagreements resulting from these interactions at different scales.