Cortar é Conhecer

Abstract

O presente trabalho é uma etnografia de peixarias que eram localizadas no bairro Trindade, sendo elas a Bio Pescados e a Peixaria Trindade. O quadro teórico aqui trabalhado perpassa áreas como a antropologia da alimentação junto a antropologia da técnica, antropologia visual, estudos de percepção ambiental e relação multiespécies. Ao longo do trabalho o campo é contextualizado não só a partir de um olhar para a cidade de Florianópolis - Santa Catarina, mas também de partes das cadeias do pescado que abrange todo o país e até outras partes do mundo. A partir disso a análise feita desses locais onde foram feitas as saídas de campo abordam esses estabelecimentos não como existentes isoladamente, mas como parte de um grande mercado do pescado. As saídas de campo ocorreram entre abril de 2023 até outubro de 2023 e ocorreram em diversos lugares. Desde a Bio Pescados e a Peixaria Trindade, a qual serão analisadas mais a fundo, até a Peixaria da Lagoa e uma van, localizada na feirinha do Itacorubi - que ocorre aos sábados. O foco do trabalho perpassa em como o corte está interligado em muitos aspectos dessa cadeia. Desde a construção de um imaginário ao redor do produto, até o sentimento de nojo para com as vísceras daquele animal e a alienação perante as cadeias que esses animais passam para chegar às prateleiras. A pesquisa etnográfica junto ao trabalho antropológico identificou formas diferentes de olhar para o peixe nos dois locais em que fez campo. Na Bio Pescados existia um imaginário do peixe como representante da cultura amazônica. Já na Peixaria Trindade esse peixe aparece muito mais ligado à fibra da carne e a receitas que potencialmente são feitas com ela, como o salmão e o sushi, por exemplo. Ou seja, o corte aqui aparece aqui de várias maneiras. Como um produto padronizado para consumo, como parte das habilidades da pesca artesanal e de suas localidades, como o conhecimento dos materiais, sendo eles a faca e tudo que envolve o peixe, até o corte da pesquisa em si.