Efeito da técnica de ?água verde? no desempenho zootécnico, na composição de ácidos graxos e na morfologia intestinal de larvas do cavalo-marinho Hippocampus reidi, Ginsburg, 1933

Abstract

O objetivo desta tese foi desenvolver e aprimorar técnicas de larvicultura do cavalo-marinho Hippocampus reidi através da adição de microalgas na água de cultivo, técnica conhecida como ?água verde? maximiza a sobrevivência e o desempenho zootécnico. Para isso foram testados quatro tratamentos compostos por duas microalgas (Tisochrysis lutea- ISO e Chaetoceros muelleri-CHO), usados ??isoladamente (TISO e TCHO) ou combinadas (TIC, 1:1) na água de cultivo larval, e um tratamento sem as microalgas (TSM) durante os primeiros 15 dias de vida dos cavalos-marinhos. As larvas foram alimentadas do primeiro ao sétimo dia com copépode (Parvocalanus crassirrostris; 2 ind mL-1) e rotíferos (Brachionus rotundiformis; 8 ind mL-1), e a partir do oitavo dia foi feita a inclusão gradual de náuplios de Artemia sp. (2 ind mL-1). No primeiro experimento foram verificadas sua influência no desempenho e na composição lipídica das larvas, e no segundo foram utilizadas análises de desempenho zootécnico e histologia do trato digestivo das larvas de cavalo-marinho em diferentes tratamentos com ou sem adição de microalgas durante os primeiros 15 dias. Os resultados nos mostraram que não houve diferenças significativas entre as taxas de sobrevivência ao final do experimento nos tratamentos com e sem microalga na água de cultivo (77,3 a 88,0%), a adição das microalgas, especificamente de T. lutea nos tratamentos TISO e TIC, afetaram positivamente e significativamente o peso (~ 25,69 mg), o ganho de peso (~11,41 mg), a taxa de crescimento específica (~16,78% dia-1) e o fator de condição das larvas (0,36) em relação ao TSM (20,91mg; 9,14 mg; 15,45% dia-1; 0,31, respectivamente) (P<0,05). Uma maior concentração de ácidos graxos poli-insaturados (PUFA), de ácido docosahexaenóico (DHA), ? n-3, razão n-3/n-6 foram encontradas nas larvas do TISO após os 15 dias de cultivo (P<0, 05). Uma análise histológica do trato digestório mostra claramente que as larvas do TISO apresentaram maiores valores de altura das vilosidades intestinais (85,29±1,23 µm) quando comparadas com as larvas do TSM (69,42±2,82 µm) e TCHO (76,92±2,23 µm), mas não mostra diferenças significativas quando comparado com o TIC (80,127± 2,08 µm). Isso refletiu diretamente na área da superfície das vilosidades, onde as larvas do TISO (3.603,43±151,31 µm) e do TIC (3.550,29±120,99 µm) obtiveram valores maiores e significativos em relação ao TSM (3.026, 79±147,64 µm) e o TCHO (3.069,09±126,18 µm) (P<0,05). A adição de microalgas na água de cultivo, especificamente para T. lutea durante os primeiros 15 dias de vida do cavalo-marinho, H. reidi, mostrou ser uma alternativa vantajosa em sistema intensivo, visto que sua inclusão afetou especificamente o desempenho das larvas em comparação ao tratamento sem adição da microalga. Os resultados encontrados neste estudo servem de base para a elaboração de técnicas de manejo para a larvicultura de cavalos-marinhos.

Abstract: The objective of this study was to develop and improve larviculture techniques for the seahorse Hippocampus reidi through the addition of microalgae to the rearing water, a technique known as ?green water? aiming to maximize survival and zootechnical performance. For this, four treatments were tested, consisting of two microalgae (Tisochrysis lutea- ISO and Chaetoceros muelleri-CHO), used alone (TISO and TCHO) or combined (TIC, 1:1) in larval cultivation water, and a treatment without microalgae (TSM) during the first 15 days of seahorse's life. Larvae were fed from the first to the seventh day with copepods (Parvocalanus crassirrostris; 2 ind mL-1) and rotifers (Brachionus rotundiformis; 8 ind mL-1), and from the eighth day onwards, Artemia sp. nauplii (2 in mL-1). In the first experiment, its influence on the performance and lipid composition of the larvae was verified; in the second, analyzes of zootechnical performance and histology of the digestive tract of larvae were used in the different treatments with or without the addition of microalgae during the first 15 days. Although no significant differences in the survival rates were observed at the end of the experiment in the treatments with or without microalgae in the rearing water (77.3 to 88.0%), the addition of microalgae, specifically T. lutea in the TISO and TIC treatments, positively and significantly affected weight (~ 25.69 mg), weight gain (~11.41 mg), specific growth rate (~16.78% day-1) and condition factor of the larvae (0.36) in relation to TSM (20.91mg; 9.14 mg; 15.45% day-1; 0.31, respectively) (P<0.05). A higher concentration of polyunsaturated fatty acid (PUFA), docosahexaenoic acid (DHA), S n-3, n-3/n-6 ratio were found in TISO larvae after 15 days of cultivation (P<0.05). The histological analysis of the digestive tract of the larvae clearly shows that the TISO larvae presented higher height values of villi (85.29±1.23 µm) when compared to the TSM larvae (69.42±2 .82 µm) and TCHO (76.92±2.23 µm) but did not show significant differences when compared with TIC (80.127± 2.08 µm). This fact directly reflected in the surface area of the villi, where larvae of the TISO (3,603.43±151.31 µm) and TIC (3,550.29±120.99 µm) presented higher and significant values in relation to TSM (3,026.79±147.64 µm) and TCHO (3,069.09±126.18 µm) (P <0.05). The addition of microalgae to the rearing water, specifically T. lutea during the first 15 days of the life of H. reidi proved to be an advantageous alternative intensive system production system, once its inclusion positively affected the performance of larvae in comparison to the treatment without the addition of microalgae. The results found in this study serve as a basis for the development of management techniques for seahorse larviculture.