Title: | Efeito do treinamento físico multicomponente na função vascular após infecção por COVID-19 |
Author: | Pera, Marina Lobe Durieux |
Abstract: |
Sabe-se que a disfunção vascular pode acompanhar os indivíduos que foram infectados pelo Sars-Cov-2 mesmo após a resolução da fase aguda da doença, implicando em risco cardiovascular aumentado. Já foi demonstrado que, o exercício físico, como parte de programas de reabilitação cardiopulmonar, é benéfico e seguro para pessoas com doenças cardíacas, pulmonares e metabólicas crônicas. Entretanto, o papel do exercício físico na reabilitação pós infecção por COVID-19 ainda não está estabelecido. Portanto, o objetivo principal do presente estudo foi analisar os efeitos de um programa de treinamento físico multicomponente sobre desfechos vasculares em pacientes que foram infectados pelo SARS-Cov-2. Os objetivos secundários foram analisar os efeitos de um programa de treinamento físico multicomponente em parâmetros antropométricos e na aptidão cardiorrespiratória, e; estabelecer correlação entre as variáveis de caracterização (parâmetros antropométricos, níveis de atividade física, aptidão cardiorrespiratória e gravidade clínica da infecção por SARS-Cov-2) e a função vascular prévia ao início do programa de treinamento físico. Para tal, foi realizado um ensaio clínico randomizado e controlado após 6 a 8 semanas de alta hospitalar por infecção pelo Sars-Cov-2. O estudo teve dois grupos: 1. Grupo Intervenção (GI): exercício físico multicomponente, com progressão em volume e intensidade ao longo de 24 semanas; 2. Grupo Controle (GC): sem exercício estruturado. A avaliação da função vascular (desfecho primário) foi realizada no período basal e após 12 e 24 semanas de intervenção, através da dilatação mediada por fluxo (FMD) da artéria braquial. As avaliações de parâmetros antropométricos e da aptidão cardiorrespiratória, através do teste de caminhada de 6 minutos (TC6) também foram realizadas no período basal e após 12 e 24 semanas de intervenção. Os níveis de atividade física e a gravidade da doença, obtidos por meio de um questionário de anamnese, foram avaliados apenas no período basal. Foram incluídos 38 participantes [52,3% homens; idade: 52,0±12,9 anos; índice de massa corporal (IMC): 30,4±6,1; relação cintura/estatura (RCE): 0,58±0,08; ativos previamente: 27,5%; necessidade de Unidade de Terapia Intensiva: 71,4%; necessidade de ventilação mecânica: 52,5%; =3 sintomas tardios: 69,2%; =3 comorbidades: 27,5%], sendo 20 no GI e 18 no GC. A análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas para a FMD apontou efeito do tempo (p<0,001) e uma interação tempo x intervenção (p<0.001). O pós-teste de Bonferroni indicou aumento da FMD no GI após 12 (p<0,001) e 24 (p<0,001) semanas comparado ao basal, sem diferenças no Grupo GC (p>0,05). Utilizando o teste t de Student para avaliar o delta da FMD, observamos maior variação positiva no grupo GI após 12 (p=0,003) e 24 (p=0,007) semanas comparado ao grupo GC. A ANOVA para medidas repetidas para o TC6 também apontou efeito do tempo (p<0,001) e uma interação tempo x intervenção p=0,003). O pós-teste de Bonferroni indicou aumento da distância no TC6 após 12 (p<0,001) e 24 (p=0,002) semanas apenas no GI. A ANOVA para medidas repetidas para os parâmetros antropométricos apontou efeito do tempo no IMC e RCE (p=0,008 e p=0,019, respectivamente), sem diferenças no pós-teste (p>0,05). Por fim, a correlação de Pearson (dados paramétricos) ou Spearman (dados não paramétricos) não apontou associações entre as variáveis de caracterização e a função vascular prévia ao início do programa de treinamento físico (p>0,05). Em conjunto, nossos dados sugerem que o programa de treinamento físico multicomponente promoveu benefícios na função vascular e aptidão cardiorrespiratória em pacientes que foram infectados pelo SARS-Cov-2. Nosso protocolo pode servir de base para outros estudos e para a prática clínica, podendo contribuir na saúde e qualidade de vida dessa população, além de reduzir gastos em serviços de saúde. Abstract: It is known that vascular dysfunction may accompany individuals who have been infected with Sars-Cov-2 even after the disease has resolved, implying in increases of ardiovascular risk. It has been shown that physical exercise, as part of cardiopulmonary rehabilitation programs, is beneficial and safe for people with heart, lung and metabolic chronic diseases. However, the role of physical exercise in rehabilitation after COVID-19 infection has not yet been established. Therefore, the main aim of the present study was to analyze the effects of a multicomponent physical training program on vascular outcomes in patients who were infected by SARS-Cov-2. The secondary aims were to analyze the effects of a multicomponent physical training program on anthropometric parameters and cardiorespiratory fitness, and; establish a correlation between the characterization variables (anthropometric parameters, physical activity levels, cardiorespiratory fitness and clinical severity of SARS-Cov-2 infection) and vascular function prior to the start of the physical training program. To this end, a randomized and controlled clinical trial was carried out after 6 to 8 weeks of hospital discharge due to Sars-Cov[1]2 infection. The study had two groups: 1. Intervention Group (GI): multicomponent physical exercise, with progression in volume and intensity over 24 weeks; 2. Control Group (GC): no structured exercise. The assessment of vascular function (primary outcome) was performed at baseline and after 12 and 24 weeks of intervention, through flow-mediated dilation (FMD) of the brachial artery. Anthropometric parameters and cardiorespiratory fitness, using the 6-minute walk test (6MWT) were assessed during the same periods. Physical activity levels and disease severity, obtained through an anamnesis questionnaire, were only assessed in the baseline period. Thirty-eight participants were included [52.3% men; age: 52.0±12.9 years; body mass index (BMI): 30.4±6.1; waist-to-height ratio (WHtR): 0.58±0.08; previously active: 27.5%; need for Intensive Care Unit: 71.4%; need for mechanical ventilation: 52.5%; =3 late symptoms: 69.2%; =3 comorbidities: 27.5%], 20 in the GI and 18 in the GC. The analysis of variance (ANOVA) for repeated measures of the FMD showed an effect of time (p<0.001) and a time x intervention interaction (p<0.001). The Bonferroni post-test showed an increase in FMD in the GI after 12 (p<0.001) and 24 (p<0.001) weeks compared to baseline, with no differences in the GC Group. Using the Student's t test to evaluate the FMD delta, we observed greater positive variation in the GI group after 12 (p=0.003) and 24 (p=0.007) weeks compared to the GC group. ANOVA for repeated measures for the 6MWT also showed an effect of time (p<0.001) and a time x intervention interaction (p=0.003). The Bonferroni post-test indicated an increase in distance in the 6MWT after 12 (p<0.001) and 24 (p=0.002) weeks only in the GI. The ANOVA for repeated measures for anthropometric parameters showed an effect of time on BMI and WHtR (p=0.008 and p=0.019, respectively), with no differences in the post-test (p>0.05). Finally, the Pearson correlation (parametric data) or Spearman correlation (non-parametric data) did not indicate associations between the characterization variables and vascular function prior to the start of the physical training program (p>0.05). Taken together, our data suggest that the multicomponent physical training program promoted benefits in vascular function and cardiorespiratory fitness in patients who were infected by SARS-Cov-2. Our protocol can serve as a basis for other studies and clinical practice, contributing to the health and quality of life of this population, in addition to reducing spending on health services. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação Multicêntrico em Ciências Fisiológicas, Florianópolis, 2023. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/254247 |
Date: | 2023 |
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