Organização da atenção à saúde bucal de idosos domiciliados na atenção primária segundo condição de fragilidade oral

Abstract

Introdução: A progressiva deterioração do funcionamento físico e comportamental está se tornando cada vez mais desafiadora na gestão dos cuidados de saúde de longo prazo para a população idosa. A fragilidade e a redução da capacidade funcional impulsionam o aumento do risco de resultados adversos de saúde, incluindo a mortalidade. Objetivos: Verificar a condição de fragilidade oral em idosos domiciliados e propor uma classificação para organização da assistência odontológica baseada na condição de fragilidade e agravo bucal. Método: Utilizou-se dados quantitativos coletados do estudo transversal realizado em 2019. O estudo envolveu 123 idosos de 60 anos ou mais domiciliados em Florianópolis, Santa Catarina. Os participantes foram pessoas idosas restritas ao domicílio por diversos motivos. A coleta de dados incluiu questionários respondidos pelo idoso ou seu cuidador, além de exame clínico, sendo realizada por um estudante de Odontologia. Foram excluídos os idosos hospitalizados durante a coleta. Duas análises foram realizadas, a primeira considerando seis variáveis de fragilidade oral envolvendo autopercepção e fatores clínicos sendo estas a sensação de boca seca, dificuldade em deglutir, mastigação de alimentos duros, edentulismo, presença de raízes residuais e mobilidade dental. A segunda análise utilizou quatro condições, focando apenas na autopercepção sendo estas a sensação de boca seca, dificuldade em deglutir, mastigação de alimentos duros e edentulismo. Ambas as análises buscaram ordenar o atendimento odontológico com base no índice de fragilidade oral, classificando a prioridade de acordo com a condição de saúde bucal. A análise bivariada, através do Teste Qui-quadrado avaliou entre os idosos domiciliados quem já havia recebido ou não a visita do cirurgião dentista. Resultados: De acordo com os autorrelatos dos participantes e fatores clínicos, obteve-se um predomínio na condição de fragilidade referente a dificuldade para deglutir em suas refeições diárias (77) e na condição de edentulismo (54). Quanto a frequência é possível notar uma predominância de indivíduos que possuem de 2 (37) a 3 (42) itens propostos nessa condição de fragilidade oral. Para as condições que englobam apenas os fatores autorrelatados pelos participantes observou-se a dominância da sensação de boca seca (61) e a dificuldade em deglutir (77), quanto a sua frequência 6 participantes possuíam os 4 itens autorreferidos e 4 participantes não apresentavam nenhum. Conclusão: Considerando o aumento da expectativa de vida e a população geriátrica em crescimento, é necessário conduzir pesquisas mais abrangentes sobre fragilidade oral. Compreender os fatores contribuintes para a fragilidade oral é essencial para melhorar as condições de saúde bucal e a qualidade de vida dos idosos domiciliados sendo o cirurgião-dentista e sua equipe responsáveis por essa função. Concluímos que as duas propostas abordadas neste trabalho podem ser aplicadas na atenção primária à saúde para a organização da atenção domiciliar ao idoso.

Introduction: The progressive deterioration in physical and behavioral functioning is becoming more challenging for managing long-term healthcare for the older population. Frailty and reduced functional capacity increase the risk of adverse health outcomes, including mortality. Objectives: Verify the oral frailty condition in homebound older individuals and propose a classification for organizing dental care based on the oral frailty condition. Methods: Quantitative data obtained from a crosssectional study conducted in 2019 were utilized. The research included 123 homebound older individuals, aged 60 or older, living in Florianópolis, Santa Catarina. Data collection included questionnaires answered by the older itself or their caregivers, in addition to a clinical examination, carried out by a dentist. Two analyses were conducted, the first considering six variables of oral frailty involving self-perception and clinical factors, including dry mouth, difficulty swallowing, chewing hard foods, edentulism, presence of residual roots, and dental mobility. The second analysis utilized four conditions, focusing on self-perception: dry mouth, difficulty swallowing, chewing hard food and edentulism. Both analyses aimed to organize dental care based on the oral frailty, prioritizing according to oral health conditions. The bivariate analysis, using the Chi-square test, compared older people at home who had already received dental visits with those who had not. Results: According to the participants' self-reports and clinical factors, there was a predominance of the frailty condition referring to difficulty swallowing their daily meals (n=77) and the edentulism condition (n=54). In terms of frequency, a prevalence of individuals possessing 2 (n=37) to 3 (n=42) proposed items in this oral frailty condition was notable. For the conditions that included only the factors self-reported by the participants, it was observed the dominance of the sensation of dry mouth (n=61) and the difficulty in swallowing (n=77). Six participants had the 4 self-reported items and 4 had none. There was no statistical difference considering the occurrence of dental visits. Conclusion: Considering the increase in life expectancy and the growth of the geriatric population, it is necessary to conduct more comprehensive research on oral frailty. To understand the factors that contribute to oral frailty is essential to improve the oral health conditions and quality of life of older people at home. The two proposals addressed in this work can be applied in primary health care for the organization of older adult’s home care.