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O caminhar é uma atividade atemporal, destacado na história como moldador da paisagem, formador das primeiras formas de arquitetura e apropriado tempos depois pela filosofia, sociologia, política e arte como forma de expressão. No entanto, na contemporaneidade, atravessar um espaço se encontra esvaziado de sentido e significado; este deixou de ser uma ação consciente para tornar-se automático.
A permanência restrita nos espaços públicos de circulação durante a pandemia me despertou indagações sobre suas possibilidades. Ruas, calçadas e caminhos são o foco principal dos questionamentos deste Trabalho de Conclusão de Curso, observando suas características e sensações, formas de ocupação e apropriação, bem como a experiência de atravessá-los, com suas resultantes sociais, comportamentais e estéticas.
É essencial analisar a formação do indivíduo e o espaço produzido, além da relação de troca entre eles, a fim de compreender onde a sensibilidade de ser tocado a partir do caminhar vai se decompondo. Esta pesquisa faz, para além de uma revisão teórica, um estudo de caso exploratório de dois caminhos informais no bairro Itacorubi, em Florianópolis, com características físicas e de ocupação diferentes entre si, mas com a similaridade na articulação de fluxos diários, em que se percebem dinâmicas de ocupação ou não ocupação - pelo caminhar – distintas entre grupos.
Nos dois momentos deste estudo, a redução da interação coletiva é notada e entendida como parte de um momento específico de hegemonização de uma ideologia individualista, encontrados dentro de um ritmo acelerado da vida urbana e impessoalidade das relações sociais. O espaço público físico, palco para a prática do coletivo, não é mais o único a dar conta desta tarefa na era da tecnologia. Ainda assim, esse espaço público, comporta muitas outras funções além de conectar as pessoas para ações coletivas no sentido político.
Dessa forma, é preciso elaborar espaços públicos não só como lugares de disputa e expressão, mas também como lugares de introspecção e formação da subjetividade humana/urbana. Este trabalho procura explorar a experiência do caminhar na contemporaneidade e as relações entre corpo e espaço de maneira individual e coletiva e, por fim, explorar os dois caminhos informais –enquanto objetos de estudo- como tradutores desses conceitos e como pontos de proposição para requalificação do caminhar. |
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