“Ponte para o futuro”: uma análise acerca do acordo programático entre as principais macro-ideologias da direita política brasileira no contexto de 2016

Abstract

O processo de destituição de Dilma Rousseff da Presidência da República em 2016 foi um marco nas instituições do Estado brasileiro. As ondas de manifestações de populares, a hipermidiatização dos escândalos promovidos pela Operação Lava-jato, as movimentações da oposição pelo impeachment logo após o resultado do segundo turno, além das próprias tramitações do processo em si, até hoje inspiram estudos e dividem opiniões na academia e na opinião pública. Neste contexto, um documento chama a atenção e motiva este trabalho: um programa de governo alternativo ao eleito, elaborado por um partido que compunha a base governista, e apresentado ainda no primeiro ano de mandato pelo Vice-Presidente da República, que vem a implementar a plataforma ali sugerida imediatamente após efetivada a destituição de sua superior. Através de uma análise dos elementos que compõem este documento, juntamente com uma investigação acerca dos personagens e dos grupos políticos que o defenderam, se questiona: é possível identificar no programa “Uma Ponte Para o Futuro” elementos ideológicos comuns à oposição ao governo à época? Este trabalho se propõe a analisar, sob a ótica conceitual de Michael Freeden, as interações entre as diferentes vertentes do Liberalismo e do Conservadorismo no Brasil pós-redemocratização, a fim de testar a hipótese de que o impeachment de 2016 foi viabilizado, dentre outros fatores, por um acordo programático entre as principais macro-ideologias da direita política brasileira. Espera-se que ao final, o leitor tenha um panorama geral de como se organiza a direita no Brasil, e quais elementos ideológicos são comuns dentre suas nuances, com destaque para o antipetismo, e desta forma, verifique através das análises e levantamentos da pesquisa, que o documento “Uma Ponte para o Futuro” de fato é constituído de elementos ideológicos tradicionais à direita política, em especial na conjuntura de 2016.