Amores revolucionários: relações afetivas na resistência à ditadura brasileira (1964 - 1985)

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Amores revolucionários: relações afetivas na resistência à ditadura brasileira (1964 - 1985)

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dc.contributor Universidade Federal de Santa Catarina
dc.contributor.advisor Wolff, Cristina Scheibe
dc.contributor.author Briggmann, Luísa Dornelles
dc.date.accessioned 2024-03-27T23:23:37Z
dc.date.available 2024-03-27T23:23:37Z
dc.date.issued 2023
dc.identifier.other 386690
dc.identifier.uri https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/254862
dc.description Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2023..
dc.description.abstract A ditadura militar foi, na história brasileira, um período de intensa repressão e violência. Quem ousasse questionar o Regime sofria duras consequências, se deparando com a face da dor e da desumanidade. Este trabalho se propõe a analisar a presença do amor nas resistências à ditadura, através das memórias de militantes de esquerda acerca de seus relacionamentos conjugais. Para tanto, sob a ótica dos estudos de gênero e da história das emoções, utilizou-se a análise documental de entrevistas de história oral, autobiografias, e coletâneas de memórias, de onde foram retirados depoimentos. A temporalidade da pesquisa compreende todo o período ditatorial brasileiro, localizado entre os anos de 1964 e 1985, momento em que esses e essas jovens vivenciaram os relacionamentos afetivos aqui estudados, juntamente com suas militâncias políticas de esquerda. A ditadura uniu e separou casais, e o amor mobilizou a resistência, lhe dando força, coragem e esperança. Novas formas de pensar a afetividade e a sexualidade emergiam naqueles anos agitados e a militância tornou-se um espaço próspero para novas experimentações e para o surgimento de um novo tipo de amor: revolucionário e companheiro, que compartilhava utopias e lutas. Esse, parecia caminhar mais rapidamente, impulsionado por um futuro incerto e pela urgência do presente. Esses afetos, entretanto, nunca puderam ser maiores que o amor ao povo e ao trabalho militante. Assim, o amor ocupou lugares distintos nas vivências e nas memórias de mulheres cisheterossexuais, homens cisheterossexuais, gays e lésbicas. Para as mulheres, em seus relacionamentos heterossexuais, o destino somente ligado a casa e a família deixou de ser percebido como a única opção. Elas passaram a questionar os antigos valores e papeis socialmente destinados às mulheres. A realidade, entretanto, lhes mostrou que padrões conservadores são difíceis de serem rompidos. Muitas vezes essas militantes tiveram de abdicar de suas militâncias e sonhos para se dedicarem ao cuidado dos filhos e da casa. Já para os homens, ao se envolveram em relações heterossexuais, a militância seguia sendo sua prioridade. A masculinidade militante, que muito se aproxima da hegemônica, impunha que o privado e o afetivo não deveriam ser o centro da vida dos homens. Apesar disso, houve um afastamento progressivo entre o comportamento dos militantes de esquerda e o que era esperado dos homens da época, principalmente no que diz respeito as tarefas domésticas e a expressão, no privado, de seus sentimentos. As pautas feministas aparecem como responsáveis por modificações no pensamento e nas atitudes dessas e desses militantes perante seus relacionamentos conjugais. O modelo de masculinidade tradicional se tornava inapropriado perante as transformações daquela geração. Mudanças essas que não impediram que o conservadorismo, o preconceito e a homofobia estivessem presentes na sociedade, no Estado, nas famílias e nos partidos, organizações e movimentos de esquerda. Essa tradição reacionária abafou a construções de afetos e desejos que não se enquadrassem à heteronormatividade, assim como atravancou uma maior organização política. O ?casal revolucionário? só poderia ser o heterossexual monogâmico. Assim, para gays e lésbicas o encontro de uma comunidade acolhedora se fez fundamental para o rompimento do silêncio, para a construção e o fortalecimento de si. Lá, camaradagens foram estabelecidas e o amor foi libertador. Para os e as militantes analisados nesse trabalho, o amor foi revolucionário.
dc.description.abstract Abstract: The military dictatorship was, in Brazilian history, a period of intense repression and violence. Those who dared to question the Regime suffered harsh consequences, facing pain and inhumanity. This work aims to analyze the presence of love in resistance to the dictatorship, through the memories of left-wing militants about their marital relationships. For that, from the perspective of gender studies and the history of emotions, we used the documentary analysis, oral history interviews, autobiographies, and collections of memories, from which testimonials were taken. The temporality of the research comprises the entire Brazilian dictatorial period, located between the years 1964 and 1985, a time in which these young men and women experienced the affective relationships studied here, along with their left-wing political militancy. The dictatorship united and separated couples, and love mobilized resistance, giving it strength, courage, and hope. New ways of thinking about affectivity and sexuality emerged in those turbulent years and militancy became a thriving space for new experiments and for the emergence of a new type of love: revolutionary and companion, who shared utopias and struggles. This one seemed to move faster, driven by an uncertain future and the urgency of the present. These affections, however, could never be greater than the love for the people and militant work. Thus, love occupied different places in the experiences and memories of cisheterosexual women, cisheterosexual men, gays, and lesbians. For women, in their heterosexual relationships, destiny solely linked to home and family ceased to be perceived as the only option. They began to question the old values and roles socially destined to women. Reality, however, showed them that conservative patterns are difficult to break. Many times, these activists had to give up their activism and dreams to dedicate themselves to taking care of their children and the home. For men, when they got involved in heterosexual relationships, militancy remained their priority. The militant masculinity, which is very close to hegemonic, imposed that the private and affective should not be the center of men's lives. Despite this, there was a progressive gap between the behavior of left-wing activists and what was expected of men at the time, especially with regard to domestic tasks and the expression, in private, of their feelings. Feminist agendas appear to be responsible for changes in the thinking and attitudes of these and those activists towards their marital relationships. The traditional model of masculinity became inappropriate in the face of the transformations of that generation. These changes did not prevent conservatism, prejudice and homophobia from being present in society, in the State, in families and in left-wing parties, organizations and movements. This reactionary tradition stifled the construction of affections and desires that did not fit heteronormativity, as well as hindered greater political organization. The ?revolutionary couple? could only be the monogamous heterosexual. Thus, for gays and lesbians, finding a welcoming community was fundamental for breaking the silence, for building and strengthening themselves. There, camaraderie was established, and love was liberating. For the militants analyzed in this work, love was revolutionary. en
dc.format.extent 242 p.| il.
dc.language.iso por
dc.subject.classification História
dc.subject.classification Amor
dc.subject.classification Ativistas políticos
dc.subject.classification Casais
dc.subject.classification Relações de gênero
dc.subject.classification Quinta República (1964-1985)
dc.subject.classification Emoções
dc.subject.classification Ditadura
dc.title Amores revolucionários: relações afetivas na resistência à ditadura brasileira (1964 - 1985)
dc.type Tese (Doutorado)


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