Competência em informação às minorias sociais: conjecturando princípios

Abstract

O cerne de interesse e os esforços dispostos para a feição desta pesquisa se debruçam na construção de princípios para a competência em informação às pessoas em vulnerabilidade social/minorias sociais. Objetiva a proposição de princípios de competência em informação às pessoas em vulnerabilidade social/minorias sociais com o respaldo no pensamento decolonial e nas quatro dimensões estabelecidas por Vitorino e Piantola (2020): técnica, estética, ética e política. Para tanto, (a) pretende apresentar, por meio da literatura, as bases do pensamento decolonial e o movimento da competência em informação; (b) revelar, por meio da literatura, a multidimensionalidade da vulnerabilidade social e a caracterização das pessoas socialmente vulneráveis, também conhecidas/alocadas como minorias sociais; (c) analisar, por meio da literatura e das falas obtidas nas entrevistas, as situações de vulnerabilidade social vivenciadas pelos participantes da pesquisa, por meio de três unidades de significado: o acesso à informação, a vulnerabilidade social; e a construção da resistência pela vulnerabilidade social; e, por fim, delinear, a partir dos dados teóricos e empíricos obtidos, os princípios para a estrutura conceitual de competência em informação direcionada às pessoas em vulnerabilidade social/minorias sociais. Trata-se de uma pesquisa descritivo- exploratória com abordagem qualitativa. A pesquisa exploratória envolve a revisão de literatura sobre a competência em informação, as bases do pensamento decolonial e as bases sobre a vulnerabilidade social e as minorias sociais. A pesquisa descritiva compreende pesquisa de campo situada epistemologicamente na teoria fenomenológica de Alfred Schütz a utiliza a técnica da entrevista semiestruturada para coleta de dados. A análise dos dados é feita a partir do método fenomenológico. Os resultados obtidos pela pesquisa exploratória apontam a premência de que é preciso ir além das teorias engessadas e padronizadas para a efetivação da competência em informação insurgente e transgressora ? isto é, decolonial, libertadora, potente, subversiva, intercultural, pós-abissal, contextual e humanizada frente aos mais vulneráveis entre os vulneráveis. Assim sendo, os princípios delineados buscam servir como uma estrutura conceitual com elementos básicos para apoiar as pessoas e os grupos em vulnerabilidade social/minorias sociais, além de buscar ?furar a bolha? do desenvolvimento elitista da competência em informação. Tais princípios também objetivam apresentar elementos que respeitem a subjetividade e os contextos inerentes aos seres, bem como para suas situações biográficas no mundo da vida. Elenca, a partir dos princípios para o desenvolvimento da competência em informação às pessoas em vulnerabilidade social/minorias sociais, que tal competência deve ser tratada de maneira mais aprofundada, contextual e efetiva/afetiva, considerando a diversidade e as especificidades dos contextos sociais, e que realmente faça a informação e as habilidades que tornam o ser competente em informação serem apreendidos pelos que estão às margens dos direitos humanos e sociais: ela, a informação, deve chegar aos que necessitam e também deve se mostrar para os que desconhecem as individualidades do outro. Considera, por fim, que de nada vale a criação de declarações, manifestos ou formas outras de solidariedades assistencialistas se não existir efetivamente a aderência em campo e o envolvimento empático dos que tem plenos pulmões para realizar inicialmente as necessárias transgressões e insurgências sociais.

Abstract: The core of interest and the efforts made for this research are focused on the construction of principles for information literacy to people in social vulnerability/social minorities. It aims to propose principles of information literacy to people in social vulnerability/social minorities with the support of decolonial thinking and the four dimensions established by Vitorino and Piantola (2020): technique, aesthetics, ethics, and politics. To this end, (a) it intends to present, through literature, the bases of decolonial thinking and the movement of information literacy; (b) reveal, through literature, the multidimensionality of social vulnerability and the characterization of socially vulnerable people, also known/allocated as social minorities; (c) to analyze, through the literature and the speeches obtained in the interviews, the situations of social vulnerability experienced by the research participants, through three units of meaning: access to information, social vulnerability; and the construction of resistance through social vulnerability; and, finally, to outline, based on the theoretical and empirical data obtained, the principles for the conceptual structure of information literacy aimed at people in social vulnerability/social minorities. This is a descriptive-exploratory research with a qualitative approach. Exploratory research involves reviewing the literature on information literacy, the foundations of decolonial thinking, and the foundations on social vulnerability and social minorities. The descriptive research comprises field research situated epistemologically in Alfred Schütz?s phenomenological theory and uses the semi-structured interview technique for data collection. Data analysis is performed using the phenomenological method. The results obtained by the exploratory research point to the urgency that it is necessary to go beyond the plastered and standardized theories for the effectiveness of information literacy in insurgent and transgressive information ? that is, decolonial, liberating, potent, subversive, intercultural, post-abyssal, contextual and humanized face to the most vulnerable among the vulnerable. Therefore, the principles outlined seek to serve as a conceptual framework with basic elements to support people and groups in social vulnerability/social minorities, in addition to seeking to ?punch the bubble? of elitist development of information literacy. Such principles also aim to present elements that respect subjectivity and the contexts inherent to beings, as well as to their biographical situations in the world of life. It lists, from the principles for the development of information literacy to people in social vulnerability/social minorities, that such knowledge must be treated in a more in-depth, contextual, and in an effective/affective way, considering the diversity and specificities of social contexts, reaching especially those who are on the margins of human and social rights: the information must reach those who need it and must also be shown to those who are unaware of the individualities of the other. Finally, it considers that the creation of declarations, manifestos or other forms of welfare solidarity is worthless if there is no effective adherence in the field and the empathic involvement of those who have full lungs to initially carry out the necessary transgressions and social insurgencies.