PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM PANCREATITE AGUDA EM UM HOSPITAL BRASILEIRO TERCIÁRIO - UM ESTUDO RETROSPECTIVO DE 16 ANOS

Abstract

RESUMO Relevância: A pancreatite aguda ganha destaque no diagnóstico diferencial de pacientes com quadro de abdome agudo atendidos em serviços hospitalares de urgência devido sua alta incidência, prevalência e potencial gravidade. Objetivo: Avaliar o perfil clínico- epidemiológico dos pacientes com pancreatite aguda atendidos em um hospital terciário brasileiro. Métodos: Foram analisados, retrospectivamente, prontuários médicos de pacientes diagnosticados com pancreatite aguda em um hospital terciário de Santa Catarina, entre 2005 e 2021. Resultados: No período, foram identificados 285 prontuários válidos para análise. A taxa de letalidade total foi de 4,91%. Em 83% dos prontuários foi verificado, na admissão, que não foram realizados exames para determinação dos escores prognósticos. A maioria da amostra foi constituída de homens (151/284 = 52,98%) e indivíduos brancos (69,12%). Em 34% dos casos de pancreatite aguda ocorreu a realização de algum procedimento cirúrgico durante a internação, sendo a colecistectomia videolaparoscópica o mais realizado (77/89 cirurgias = 85%). O tempo de internação hospitalar variou de 0 a 53 dias, com média de 9,81 dias (mediana = 8). As causas identificadas de pancreatite foram, em ordem decrescente de frequência: colecistopatia calculosa (42,11%); indeterminada (23.86%); abuso de álcool (14,04%); hipertrigliceridemia (3.51%) e medicamentosa (1.05%). A dor abdominal superior foi a manifestação clínica mais prevalente (96,84%) apresentando localização, tipo e irradiação variadas. Dos 3 critérios diagnósticos, em 71,58% dos casos estavam presentes todos eles. Em 95,09% dos casos, foram realizados exames de imagem para fins de diagnóstico etiológico e/ou avaliação de complicações. Conclusão: No estudo, a amostra foi predominantemente constituída de homens brancos com pancreatite de origem biliar, sendo admitidos com dor abdominal e diagnosticados com auxílio de exame laboratorial, com complementação de exame de imagem para investigação etiológica, com baixa taxa de mortalidade (4,91%). Escores prognósticos foram utilizados na minoria dos casos. Mais estudos são necessários para melhor definição clínico-epidemiológica no Brasil.

ABSTRACT Background: The importance of acute pancreatitis as a differential diagnosis of abdominal pain in the Emergency Department, because of its incidence, prevalence and potential severity. Objective: To evaluate the epidemiological profile and clinical characteristics of patients with acute pancreatitis in a Tertiary Brazilian Center. Methods: The medical records of patients admitted with acute pancreatitis between 2005 and 2021 at one Tertiary Brazilian Center were retrospectively analyzed. Results: 285 medical patients were considered valid and analyzed. Total death rate was 4.91%. In 83%, prognostic scores were not used at admission. The majority of the sample was made up of men (151/284 = 52.98%) and white individuals (69.12%). 34% underwent surgical procedures and videolaparoscopic cholecystectomy was the most performed (77/89 surgeries = 85%). Hospital stay length ranged from 0 to 53 days, with an average of 9.81 days and a median of 8. The causes were, in decreasing order of frequency: calculous cholecystopathy (42.11%); undetermined (23.86%); alcohol abuse (14.04%); hypertriglyceridemia (3.51%) and medication (1.05%). Alcohol consumption was present at 14.04%. Hypertriglyceridemia, in 3.51% and drug- related in 1.05%. Alcohol consumption was recorded at 30.53%. Abdominal pain was present in 96.84%, with variable location and radiation. 71.58% of diagnoses used 3 criteria. In 95.09% of cases, imaging tests were performed for diagnostic purposes or evaluation of complications. Conclusion:In the study, the sample consisted predominantly of white men with pancreatitis of biliary origin, admitted with abdominal pain and diagnosed with the aid of laboratory examination, with complementary imaging for etiological investigation, with a low mortality rate (4.91%). Prognostic scores were used in a minor part of the cases. More studies are needed for a better clinical and epidemiological definition in Brazil. Keywords: pancreatitis; epidemiology; gastrointestinal tract; signs and symptoms