Uma Avaliação da Violência Contra a Mulher em Santa Catarina

Abstract

O presente estudo aborda de forma abrangente e sistemática a violência contra a mulherem Santa Catarina, utilizando essencialmente dados exclusivos da Secretaria de SegurançaPública de Santa Catarina (SSP/SC) e dados secundários da Pesquisa Nacional da Saúde(PNS) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Esta pesquisa fornece umpanorama da violência contra a mulher em Santa Catarina e oferece uma perspectivasobre a extensão real do problema, fundamental para informar políticas e intervençõespreventivas eficazes. As análises descritivas dos dados da SSP/SC revelam que a maioriados crimes ocorre no ambiente doméstico, concentrados nos fins de semana e em horáriosespecíficos. Predominam casos sem lesões físicas, destacando-se as agressões psicológicas.O perfil das vítimas mostra uma concentração na faixa etária entre 18 e 59 anos e parcelaconsiderável de mulheres solteiras, sugerindo uma possível influência dos términos derelacionamentos. Os agressores, por sua vez, apresentam padrões semelhantes de faixaetária. A predominância de vítimas e agressores brancos e brasileiros reflete a composiçãodemográfica do estado. A sobreposição de dados socioeconômicos com a incidência deviolência aponta para desigualdades estruturais. A complexidade do fenômeno também sereflete nas motivações dos agressores, com destaque para motivações passionais, alcoolismoe desavenças. A análise geoespacial identifica padrões significativos de violência nas regiõesOeste e Serrana, com taxas alarmantes superiores a 600 casos por 10 mil mulheres. Paraestimar a subnotificação das violências compara-se as projeções da PNS de 2019 ponderadaspelo peso do morador selecionado com os dados dos boletins de ocorrência registrados. Asestimativas de subnotificação revelam uma discrepância alarmante nos casos de violênciafísica e sexual contra mulheres, superior a 90% no casos de violência física, entre asestimativas da PNS e os registros oficiais.

This study comprehensively and systematically addresses violence against women in SantaCatarina, essentially utilizing exclusive data from the Secretaria de Segurança Pública(SSP/SC) and secondary data from the Pesquisa Nacional da Saúde (PNS) and the FórumBrasileiro de Segurança Pública (FBSP). This research provides a comprehensive panoramaof violence against women in Santa Catarina and offers a perspective on the real extentof the problem, fundamental for informing efficient preventive policies and interventions.Descriptive analyses of SSP/SC data reveal that most crimes occur in the domestic envi-ronment, concentrated on weekends and at specific times. Cases without physical injuriespredominate, with psychological aggression standing out. The profile of victims shows aconcentration in the age group between 18 and 59 years and a considerable portion ofsingle women, suggesting a possible influence of relationship break-ups.. The aggressors,in turn, exhibit similar age group. The predominance of white and brazilian victims andaggressors reflects the state’s demographic composition. The overlap of socioeconomic datawith the incidence of violence indicate to structural inequalities. The complexity of thephenomenon is also reflected in the aggressors’ motivations, highlighting passionate moti-vations, alcoholism, and disagreements. Geospatial analysis identify significant patterns ofviolence in the Western and Serrana regions, with alarming rates exceeding 600 cases per10,000 women. To estimate the underreporting of violence, compare the projections fromthe 2019 PNS weighted by the selected resident’s weight with the data from the policereports registered. Underreporting estimates reveal an alarming discrepancy in cases ofphysical and sexual violence against women, exceeding 90% in physical violence cases,between PNS estimates and official records.