Avaliação das alterações no dente permanente após o tratamento endodôntico do predecessor decíduo: um estudo retrospectivo

Abstract

A relação entre um dente decíduo e seu sucessor permanente envolve interações complexas que impactam a erupção, posição e saúde dos dentes permanentes. Este estudo teve como objetivo avaliar as alterações no dente permanente após o tratamento endodôntico do predecessor decíduo. Trata-se de um estudo longitudinal realizado com crianças de 5 a 9 anos, compreendendo 197 dentes decíduos submetidos a tratamento endodôntico. Os tratamentos foram realizados entre 2016 e 2018. Os dentes foram instrumentados usando técnicas manuais ou rotatórias e preenchidos com pasta de óxido de zinco e eugenol (OZE). O acompanhamento clínico e radiográfico foi realizado aos 3, 6 e 12 meses no primeiro ano e, em seguida, anualmente até que o dente decíduo fosse exfoliado e a coroa do sucessor permanente erupcionasse completamente na boca. Os dentes sucessores permanentes foram analisados clinicamente e radiograficamente quanto a defeitos de esmalte, como hipoplasia ou hipomineralização, rotação dentária e desvio da rota de erupção. Os dentes homólogos, antagonistas e adjacentes também foram analisados quanto a mudanças e comparados. Trinta e seis crianças entre 11 e 15 anos foram incluídas na análise final. Dessas, 11% apresentaram desvios de erupção, 8% tinham hipomineralização do esmalte na coroa, nenhuma apresentou hipoplasia do esmalte na coroa e 25% apresentaram rotação da coroa do dente permanente. Para avaliar a probabilidade exata de efeitos na coroa do dente permanente e determinar o p-valor, utilizou-se o teste exato de Fisher. Não houve associação estatisticamente significativa entre os efeitos na coroa do dente permanente e o tratamento endodôntico realizado no predecessor decíduo (p>0,05). PALAVRAS-CHAVE: dente decíduo; dente permanente; tratamento endodôntico Concluiu-se que não foram encontradas associações entre os efeitos avaliados e o tratamento endodôntico, sugerindo a necessidade de novas investigações na área.

The relationship between a deciduous tooth and its permanent successor involves complex interactions that impact the eruption, position, and health of permanent teeth. This study aimed to evaluate effects in the permanent tooth after treatment of the deciduous predecessor. It is a longitudinal study conducted with children aged 5 to 9 years, comprising 197 deciduous teeth undergoing endodontic treatment. Treatments were performed between 2016 and 2018. The teeth were instrumented using manual or rotary techniques and filled with Zinc Oxide Eugenol (ZOE) cement. Clinical and radiographic follow-up was conducted at 3, 6, and 12 months in the first year and then annually until the deciduous tooth exfoliated and the crown of the permanent successor fully erupted in the mouth. The permanent successor teeth were analyzed clinically and radiographically for enamel defects such as hypoplasia or hypocalcification, dental rotation, and deviation from the eruption path. Homologous, antagonist, and adjacent teeth were also analyzed for changes and compared. Thirty-six children aged between 11 and 15 were included in the final analysis. Of these, 11% showed eruption deviations, 8% had enamel hypocalcification in the crown, none had enamel hypoplasia in the crown, and 25% presented crown rotations of the permanent tooth. There was no statistically significant association between effects in the permanent tooth crown and endodontic treatment performed on the deciduous predecessor. KEYWORDS: primary tooth; permanent tooth; endodontic treatment To assess the exact probability of effects on the crown of the permanent predecessor tooth, we utilized Fisher's exact test to determine the p-value. associations were found between the evaluated effects and endodontic treatment, It was concluded that no suggesting the need for further investigations in the area.