4ª revolução industrial no Brasil: características e impactos no desemprego entre jovens até 24 anos entre 2012 e 2022

Abstract

Os ciclos tecnológicos até então tiveram forte impacto no emprego, gerando deslocamento populacional, deskill e obsolescência de diversas ocupações. O ciclo tecnológico chamado de 4ª revolução industrial tem potencial para gerar substituição de diversos empregos que demandam baixa cognição. As projeções mais recentes a partir das pesquisas do Fórum Econômico Mundial (FEM) indicam o desaparecimento de 23% das ocupações existentes em 2023 até o ano de 2028, com criação de um volume similar de vagas em ocupações que ainda surgirão. 41% dos trabalhadores brasileiros estão sob risco de substituição no médio prazo. O recorte etário de 14 a 24 anos compõe um público que está legalmente em idade de trabalhar, mas em sua maioria tem pouca ou nenhuma experiência profissional e um nível educacional ainda em formação o que tende a dificultar acesso ao mercado de trabalho. Para avaliar a exposição desses jovens a novas tecnologias foi utilizada a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD C). O objetivo foi avaliar a participação desse recorte etário no mercado de trabalho com objetivo de compreender o ponto de partida desses jovens no início desse ciclo tecnológico e foi constatado que ao final de 2022 os jovens entre 14 e 17 anos de idade apenas 17,5% estavam na força de trabalho e desses o desemprego foi de 29%. Para os jovens entre 18 e 24 apenas 68,9% estavam na força de trabalho com o desemprego em 16,4%. Os jovens de até 24 anos possuem maior taxa de desemprego e menor participação na força de trabalho que todos os outros grupos etários. Quando conseguem empregos costumam ser de baixa qualidade com a taxa de informalidade em 77,6% para os entre 14 e 17 anos e 42,7% para os entre 18 e 24 anos. Para avaliar o risco de substituição por automatização das ocupações na faixa etária até 24 anos, foi avaliado o estoque de empregos desse grupo registrado na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) com dados disponíveis até 2021. Foi utilizada a classificação de risco de ocupações à automatização elaborada no artigo The future of employement: How susceptible are jobs to computerization? para classificar as ocupações identificadas e a conclusão é que metade dessas vagas formais estão altamente expostas a risco de desaparecer nos próximos anos substituídas por novas tecnologias.

The technological cycles up until now have had a significant impact on employment, leading to population displacement, deskilling, and the obsolescence of various occupations. The technological cycle known as the 4th industrial revolution has the potential to replace many jobs that require low cognitive skills. The most recent projections from the World Economic Forum (WEF) indicate the disappearance of 23% of existing occupations in 2023 by the year 2028, with the creation of a similar volume of jobs in emerging occupations. 41% of Brazilian workers are at risk of being replaced in the medium term. The age group from 14 to 24 years old comprises a population that is legally of working age, but mostly has little or no professional experience and an educational level still in formation, which tends to hinder access to the labor market. To assess the exposure of these young people to new technologies, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD C) was used. The objective was to evaluate the participation of this age group in the labor market to understand their starting point at the beginning of this technological cycle. It was found that at the end of 2022, only 17.5% of young people aged 14 to 17 were in the workforce, with an unemployment rate of 29%. For young people aged 18 to 24, only 68.9% were in the workforce, with an unemployment rate of 16.4%. Young people up to 24 years old have a higher unemployment rate and lower participation in the workforce than all other age groups. When they do find jobs, they tend to be of low quality, with an informality rate of 77.6% for those aged 14 to 17 and 42.7% for those aged 18 to 24. To assess the risk of job replacement by automation for the age group up to 24 years old, the stock of jobs for this group recorded in Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) with data available up to 2021 was evaluated. The classification of the risk of occupations to automation, developed in the article "The Future of Employment: How Susceptible Are Jobs to Computerization?" was used to classify the identified occupations, and the conclusion is that half of these formal jobs are highly exposed to the risk of disappearing in the coming years, replaced by new technologies.