Os efeitos da equoterapia na função motora grossa de crianças com transtorno do espectro autista: revisão de escopo

Abstract

Contextualização: Crianças com Transtornos do Espectro Autista (TEA) apresentam prejuízos e atrasos na função motora grossa, como alterações na postura, equilíbrio e tônus. Desse modo, são necessárias intervenções para melhorar a qualidade de vida, reduzir sintomas, promover a adaptação e inclusão. Dentre as formas de tratamento para o TEA, a equoterapia destaca-se por ser uma técnica terapêutica que utiliza o cavalo para a estimulação neuromotora em pessoas com necessidades especiais, atuando nos sistemas motor, vestibular, sensorial e psicossocial. Objetivo: Realizar uma revisão da literatura científica sobre a equoterapia e o seu impacto na função motora grossa de crianças com TEA. Métodos: Trata-se de uma revisão de escopo, cujos descritores utilizados foram “terapia assistida por cavalos”, “transtorno do espectro autista” e “função motora grossa” em português, inglês e espanhol. Foram incluídos estudos nacionais e internacionais, podendo ser ensaios clínicos randomizados e não randomizados, estudos ecológicos, de coorte, e transversais. Estas buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados eletrônicas: CINAHL, Cochrane Library, Embase, Google Acadêmico, Lilacs, Pubmed/Medline, Scielo, Scopus, PEDro e Web of Science. Dois revisores executaram as buscas de forma independente, fizeram a extração dos dados e análise dos artigos elegíveis, levando em consideração todas as características de cada estudo. Resultados: Quatro artigos foram incluídos, sendo 75% ensaios clínicos randomizados e 25% estudo de caso controle. Estes estudos abordaram 154 crianças diagnosticadas com TEA entre cinco e 15 anos de idade, com diferentes instrumentos de avaliação sendo que 100% dos estudos demonstraram resultados positivos na motricidade grossa. Conclusão: Apesar da escassez de informações e de padronização dos protocolos estudados, a prática de equoterapia parece ser benéfica enquanto intervenção para a função motora grossa em crianças com TEA, devido aos resultados positivos. Faz-se necessário mais estudos para quantificar os efeitos e buscar outros benefícios em relação a motricidade grossa.

Background: Children with Autism Spectrum Disorders (ASD) present impairments and delays in gross motor function, such as changes in posture, balance and tone. Therefore, interventions are needed to improve quality of life, reduce symptoms, promote adaptation and inclusion. Among the forms of treatment for ASD, equine therapy stands out for being a therapeutic technique that uses the horse for neuromotor stimulation in people with special needs, acting on the motor, vestibular, sensory and psychosocial systems. Objective: To carry out a review of the scientific literature on hippotherapy and its impact on the gross motor function of children with ASD. Methods: This is a scoping review, whose descriptors used were “horse-assisted therapy”, “autism spectrum disorder” and “gross motor function” in Portuguese, English and Spanish. National and international studies were included, including randomized and non-randomized clinical trials, ecological, cohort and cross-sectional studies. These searches were carried out in the following electronic databases: CINAHL, Cochrane Library, Embase, Google Scholar, Lilacs, Pubmed/Medline, Scielo, Scopus, PEDro and Web of Science. Two reviewers independently carried out the searches, extracted data and analyzed eligible articles, taking into account all the characteristics of each study. Results: Four articles were included, 75% of which were randomized clinical trials and 25% were case-control studies. These addressed 154 children diagnosed with ASD between five and 15 years of age, with different assessment instruments, with 100% of the studies showing positive results in gross motor skills. Conclusion: Despite the lack of information and standardization of the studied protocols, the practice of hippotherapy appears to be beneficial as an intervention for gross motor function in children with ASD, due to the positive results. More studies are needed to quantify the effects and seek other benefits in relation to gross motor skills.