A ecologia profunda e aplicações para a atual crise ecológica

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A ecologia profunda e aplicações para a atual crise ecológica

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Title: A ecologia profunda e aplicações para a atual crise ecológica
Author: Monteiro, Talissa de Angilis Azevedo
Abstract: A questão ecológica é uma das maiores preocupações da atualidade. Os efeitos das mudanças climáticas já atingem grande parte da população mundial, especialmente os mais vulneráveis. Diante deste cenário, é urgente que a humanidade questione o seu impacto no planeta e a sua relação com os outros seres. A ecologia profunda surge, então, como uma possível saída para a crise ecológica, já que faz oposição ao antropocentrismo, paradigma responsável por uma cultura degenerativa, na qual o ser humano se encontra no centro de importância da vida. Além de se contrapor também à chamada ecologia rasa, que seria a ideia de uma sustentabilidade que busca apenas a solução dos sintomas, sem dar conta de suas causas. Sendo assim, o principal objetivo deste trabalho é a análise da ecologia profunda como uma alternativa ética realista e, ao mesmo tempo, embasada filosoficamente para lidar com a crise ecológica apresentada acima. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica dos trabalhos sobre o tema, principalmente os do filósofo norueguês Arne Naess, quem cunhou o termo. Para o autor, uma revisão nos paradigmas da sociedade ocidental moderna é urgentemente necessária. Um dos caminhos percorridos por ele foi o de considerar como dignos de consideração moral (possuidores de valor intrínseco), além dos seres humanos, também os não-humanos, bem como os todos que eles compõem, como os ecossistemas, os biomas e a própria biodiversidade. Tal perspectiva enquadra a ecologia profunda em uma espécie de pluralismo biocêntrico, onde tanto os indivíduos quanto os coletivos são valorados. Assim, outro objetivo foi destrinchar essa ideia por meio de uma revisão tanto dos escritos de Naess acerca do valor intrínseco, quanto de críticos à ideia proposta por ele. Um destes foi John O?Neill, o qual apontou que Naess algumas vezes se referia ao valor intrínseco como valor não-instrumental e, em outras, como valor objetivo. Entretanto, durante a pesquisa, concluímos que, a contraposição ao valor instrumental foi muito mais utilizada pelo autor e que ela era suficiente para os nossos objetivos, os quais não envolviam entrar numa discussão metaética. Outro desafio do trabalho foi lidar com a crítica a propostas de viés biocêntrico ou ecocêntrico. Há sempre a discussão acerca da primazia do todo em detrimento do indivíduo. No entanto, mostramos que a ecologia profunda é bem-sucedida em se preocupar com ambas as dimensões. Pois se baseia na perspectiva de uma natureza integrada, um todo interrelacionado, com a ideia central de autorrealização. Aqui, não há uma supressão do indivíduo, mas uma transição do ego individualista para um eu ecológico, onde os interesses humanos se alinham aos interesses da natureza. Naess sugere que mudanças de paradigma, como essas, podem desencadear transformações significativas em nossas culturas, economias e políticas. Sendo assim, acreditamos que esta dissertação cumpriu os seus objetivos, onde foi verificado que a ecologia profunda tem condições de estar lado a lado com outras propostas de ética ambiental, dando conta de importantes questões das crises atuais. Além disso, a proposta se pretende uma plataforma, na qual diversas filosofias pessoais (as ecosofias) podem ser acolhidas, o que a torna uma opção para encontrar caminhos com a colaboração de diversas tradições, cosmologias e religiões.Abstract: The ecological issue is one of the greatest concerns of today. The effects of climate change already reach much of the world's population, especially the most vulnerable. Given this scenario, it is urgent that humanity question its impact on the planet and its relationship with other beings. Deep ecology then emerges as a possible way out of the ecological crisis, as it opposes anthropocentrism, a paradigm responsible for a degenerative culture, in which the human being is in the center of importance of life. In addition to counteracting the so -called shallow ecology, which would be the idea of sustainability that seeks only the solution of symptoms, without realizing their causes. Thus, the main objective of this work is the analysis of deep ecology as a realistic ethical alternative and, at the same time, based philosophically to deal with the ecological crisis presented above. The methodology used was the bibliographic review of the works on the subject, especially those of the Norwegian philosopher Arne Naess, who coined the term. For the author, a revision in the paradigms of modern Western society is urgently necessary. One of the paths traveled by him was to consider as worthy of moral consideration (possessing intrinsic value), besides humans, also the nonhuman, as well as the all they make up, such as ecosystems, biomes and themselves Biodiversity. This perspective frames deep ecology in a kind of biocentric pluralism, where both individuals and collectives are valued. Thus, another goal was to dispel this idea through a review of both Naess's writings about the intrinsic value and critics of the idea proposed by him. One of these was John O'Neill, who pointed out that Naess sometimes referred to the intrinsic value as non-institutional value and, in others, as an objective value. However, during the research, we concluded that the opposition to the instrumental value was much more used by the author and that it was sufficient for our goals, which did not involve entering a metaic discussion. Another job challenge was to deal with the criticism of proposals for biocentric or ecocentric bias. There is always the discussion about the primacy of the whole over the individual. However, we show that deep ecology is successful in worrying about both dimensions. Because it is based on the perspective of an integrated nature, a whole interrelated, with the central idea of self -realization. Here, there is no suppression of the individual, but a transition from the individualistic ego to an ecological self, where human interests align with the interests of nature. Naess suggests that paradigm changes, like these, can trigger significant transformations in our cultures, economies and policies. Thus, we believe that this dissertation has fulfilled its objectives, where it was found that deep ecology is able to be side by side with other proposals for environmental ethics, accounting for important issues of current crises. In addition, the proposal is intended to be a platform, in which several personal philosophies (ecosophies) can be welcomed, which makes it an option to find ways with the collaboration of various traditions, cosmologies and religions.
Description: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2023.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/256358
Date: 2023


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