Repercussões pós-COVID19 em indivíduos com diabetes mellitus

Abstract

Introdução: Os sintomas persistentes após a doença causada por coronavírus 2019 (COVID 19) podem gerar transtornos físicos, mentais e emocionais. A Síndrome pós-COVID-19 (SPC) é a persistência desses sintomas por mais de 12 semanas. As manifestações endócrinas no cenário pós-agudo de COVID-19 podem ser consequências de lesão viral direta, de causas imunológicas e inflamatórias. O estado inflamatório preexistente no diabetes mellitus (DM), pode ser exacerbado após a COVID-19, causando diversos sintomas. Informações sobre as comorbidades e outros fatores que podem interferir na progressão e regressão desses sintomas são dados importantes para o tratamento efetivo e para a adoção de medidas preventivas. Métodos: Estudo observacional prospectivo, os participantes foram acompanhados durante um ano após a internação hospitalar, em duas avaliações nesse período, V0: 73 dias [66 ? 80] e V1: 376 dias (DP = 8) após o início da convalescença. Os dados foram coletados por fisioterapeutas e médicos de forma presencial, no Hospital Universitário da UFSC, no período de agosto de 2020 a dezembro de 2022. Foram analisados dois grupos de pacientes, o grupo com diagnóstico de diabetes mellitus (DM) /pré diabetes e o grupo de não diabéticos. Para essa análise, foram aplicados instrumentos de avaliação de saúde: Post-COVID-19 Funcional Status (PCFS), EuroQol 5 Dimensions -5 Levels (EQ-5D-5L) / visual analog scale (VAS) e realizada a comparação dos resultados desses instrumentos nos grupos de pacientes com e sem diabetes. Resultados: Foram selecionados 99 pacientes. Na avaliação V0, foram incluídos 85 e excluídos 32 pacientes, participando 53 pacientes e em V1, foram incluídos 74 e excluídos 22 pacientes, com a participação de 52 pacientes nessa fase. A média de idade foi de 51 anos e 49 anos em V0 e V1, respectivamente. A qualidade de vida foi avaliada pelo instrumento EQ-5D-5L e na primeira avaliação, os participantes que apresentaram problemas leves, moderados, graves ou extremos (escore = 2) em cada domínio foram 21 (39,6%) em ?mobilidade?, 9 (17,0%) em ?cuidados pessoais?, 24 (45,3%) ?atividades habituais?, 39 (73,6%) em ?dor/desconforto? e 38 (71,7%) em ?ansiedade/depressão?. Já na segunda avaliação, os que apresentaram escore = 2, foram 18 (34,6%) em ?mobilidade?, 5 (9,6%) em ?cuidados pessoais?, 19 (37,3%) em ?atividades habituais?, 38 (73,1%) em ?dor/desconforto? e 34 (65,4%) em ?ansiedade/depressão?. Os escores da VAS, por sua vez, foram iguais a 70 [50 ? 90] e 80 [60 ? 90] nas avaliações 1 e 2, respectivamente. Não se observaram diferenças significativas nos resultados da EQ-5D-5L/VAS e PCFS na comparação entre os grupos com e sem DM. Conclusão: Os resultados de nosso estudo mostraram que o diabetes parece não interferir na qualidade de vida e na funcionalidade do paciente ao longo de um ano após a internação por COVID-19. O acompanhamento ambulatorial dos pacientes com SPC deve ser multidisciplinar a fim de melhorar a qualidade de vida e a independência desses pacientes

Introduction: Long-term persistent symptoms after illness caused by coronavirus 2019 (COVID-19) can lead to physical, mental, and emotional disorders in patients. Post-COVID-19 syndrome (PCS) is the persistence of these symptoms for more than 12 weeks. Endocrine manifestations in the post-acute setting of COVID-19 may be consequences of direct viral injury, immunological and inflammatory causes. The preexisting inflammatory state in diabetes mellitus (DM), may be exacerbated after COVID-19, causing various symptoms. Information about comorbidities and other factors that may interact with the progression and regression of these symptoms are important data for the effective treatment and adoption of preventive measures. Methods: A prospective observational study, participants were followed up for one year after hospital discharge, with two assessments during this period (at V0: 73 [66 ? 80] and V1: 376 [SD = 8] days after the onset of convalescence). Data were collected by physical therapists and physicians in a face-to-face manner at the University Hospital of UFSC from August 2020 to December 2022. Two groups of patients were analyzed, the group diagnosed with diabetes mellitus (DM) or pre-diabetes and the group without diabetes. For this analysis, the following health assessment instruments were applied: Post-COVID-19 Functional Status (PCFS), European Quality of Life 5 Dimensions 5 Level Version (EQ-5D-5L), and Visual Analog Scale (VAS), and the results of these instruments were compared in the groups of patients with and without diabetes. Results: Ninety-nine patients were selected. In the V0 evaluation, 85 patients were included and 32 were excluded, with 53 patients participating, and in V1, 74 patients were included and 22 were excluded, with 52 patients participating in this phase. The mean age was 51 years and 49 years in V0 and V1, respectively. Quality of life was assessed using the EQ-5D-5L. In the first assessment, participants who had slight, moderate, severe, or extreme problems (score = 2) in each domain were distributed as follows: 21 (39.6%) in ?mobility?, 9 (17.0%) in ?self-care?, 24 (45.3%) in ?usual activities?, 39 (73.6%) in ?pain/discomfort?, and 38 (71.7%) in ?anxiety/depression?. In the second assessment, participants who had problems were distributed as follows: 18 (34.6%) in ?mobility?, 5 (9.6%) in ?self-care?, 19 (37.3%) in ?usual activities?, 38 (73.1%) in ?pain/discomfort?, and 34 (65.4%) in ?anxiety/depression?. The VAS of the EQ-5D-5L was 70 [50 ? 90] and 80 [60 ? 90] in assessments 1 and 2, respectively. No significant differences were observed in EQ-5D-5L/VAS and PCFS scores when comparing the groups with and without DM. Conclusion: The results of our study have shown that diabetes does not seem to interfere with patients? quality of life and functionality during a one-year period after hospitalization for COVID-19. Outpatient follow-up of patients with PCS should be multidisciplinary in order to improve these patients? quality of life and independence