Entre laços, afetos e trabalho não remunerado: uma análise sobre o cuidado nas revistas Qualis A1 do Serviço Social brasileiro.

Abstract

O presente trabalho de Conclusão de Curso elaborado tem como objetivo analisar as produções teóricas sobre o cuidado a partir de revistas científicas consideradas Qualis A1 do Serviço Social. Para atingir este objetivo pretende-se evidenciar e estudar os conceitos de cuidado, Estado, política social e família. Nesse sentido, como metodologia realizou-se um levantamento dos programas de pós-graduação em Serviço Social existentes no Brasil. E, em seguida, foram analisados quais programas de pós-graduação listados possuíam periódicos científicos vinculados com certificação de Qualis A1. A partir disso, foram elencados artigos publicados nestes periódicos por meio da busca do indexador “cuidado” entre os anos de 2017 e 2022, devido ao aumento das discussões acerca da temática. Pela identificação das palavras-chave encontradas e da leitura dos artigos chegamos a um universo de 25 produções pertencentes ao escopo dessa pesquisa. Assim, realizou-se a análise do conteúdo identificando nos artigos a aproximação com os objetivos específicos do trabalho, ou seja, quais as intersecções entre o cuidado e o Estado, política social e família e como o Serviço Social tem se apropriado dos estudos e debates sobre o cuidado e suas intersecções com o Estado, política social e família. Nesta análise apuramos que os/as assistentes sociais vêm tecendo críticas quanto ao aumento da responsabilização das famílias enquanto pilar de desenvolvimento das políticas sociais, em que esta assume demandas para além de seu âmbito privado de reprodução social. Ressalta-se também a sobrecarga de atividades desenvolvidas pela mulher, que se torna a principal responsável pela execução dos cuidados, especialmente de crianças e idosos, não compreendida enquanto trabalho, haja vista as mulheres não são remuneradas, na maioria das vezes por desempenhar tais tarefas e quando remuneradas, mulheres negras são requisitadas para fazê-lo. Dentre outros pontos, percebeu-se também que o avanço das propostas neoliberais acarreta retrocessos que rebatem na garantia de direitos já adquiridos por meio da Constituição Federal de 1988, principalmente no que se refere à seguridade social, em especial na área de saúde.