Crianças com suspeita de Transtorno do Espectro Autista na Atenção Primária à Saúde: Conhecendo as ações do(a) enfermeiro)

Abstract

Introdução: o Transtorno do Espectro Autista, incluído no grupo de Transtornos do Neurodesenvolvimento, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais versão V é caracterizado por inabilidade persistente na comunicação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividade, sendo classificados de acordo com a gravidade. Casos suspeitos ou confirmados do Transtorno do Espectro Autista transitam pela Atenção Primária à Saúde, mas por vezes podem passar invisibilizados, em especial quando se trata de crianças. Diante disso e tendo o enfermeiro um papel importante no contexto da saúde da criança na Atenção Primária à Saúde torna-se importante aprofundar o olhar para ações desse profissional na abordagem de crianças com suspeita ou diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista nas consultas de puericultura. Objetivo: o estudo teve como objetivo geral conhecer as ações do enfermeiro diante de crianças com suspeita de Transtorno do Espectro Autista nas consultas de enfermagem realizadas na Atenção Primária à Saúde. Método: estudo com abordagem qualitativa, descritiva-exploratória, realizada em cinco Unidades Básicas de Saúde localizadas em um município de Santa Catarina/Brasil. Utilizou-se para coleta de dados a entrevista semiestruturada, audiogravada, com sete enfermeiros. Os dados foram analisados pelo método de análise de conteúdo de Bardin. A coleta de dados ocorreu de março a abril de 2024. O estudo foi aprovado sob o CAAE 77220624.0.0000.0121 no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina. Resultados: da análise de dados emergiram três categorias: “identificando as demandas sobre o Transtorno do Espectro Autista nas consultas de puericultura”; “Ações do enfermeiro diante da suspeita de Transtorno do Espectro Autista nas consultas de puericultura” e “dificuldades e enfrentamentos dos enfermeiros: limites e possibilidades para o cuidado”. Os dados evidenciam que a identificação dos sinais e sintomas suspeitos ocorre primeiramente pela mãe e/ou familiar e através de relatórios para acompanhamento proveniente das escolas ou pré-escolas. A ação dos enfermeiros mais utilizada na consulta de puericultura frente a suspeita do diagnóstico foi o encaminhamento para o pediatra para a investigação do caso. A falta de capacitações no que se refere ao Transtorno do Espectro Autista foi ressaltada por todos os participantes, gerando dificuldades diante dos enfrentamentos para o atendimento da criança e família. Os participantes mencionaram como dificuldades a existência de protocolos mal definidos, dificuldade em abordar a família após o diagnóstico e falta de amparo para estas. Considerações finais: destaca-se a necessidade de maior investimento em capacitações para os enfermeiros atuantes na Atenção Primária à Saúde para a garantia do cuidado, ampliando-se o olhar sobre os sinais e sintomas sugestivos do Transtorno do Espectro Autista em crianças, permitindo rapidez na investigação de forma interdisciplinar, proporcionando uma intervenção precoce contribuindo assim para um melhor prognóstico.