Title: | Percalços da diáspora na ilha do desterro: a imigração venezuelana no Brasil e na Grande Florianópolis |
Author: | Costa, Bruno Henrique Silva |
Abstract: |
As raízes da onda migratória bastante expressiva de venezuelanos ao Brasil e ao estado de Santa Catarina nos últimos anos devem ser buscadas na economia política da Venezuela e no papel que ela ocupa na hierarquia global, para além da crise humanitária que o país vivencia atualmente. Sob essa ótica, o presente trabalho busca compreender a relação entre a migração, a mobilidade de trabalho e a desigualdade sistêmica entre países centrais e dependentes, a partir do caso venezuelano, visando responder à seguinte pergunta de pesquisa: quais são os determinantes objetivos e subjetivos da migração venezuelana ao Brasil e à Grande Florianópolis, em termos da divisão internacional do trabalho e do papel que nela desempenha a economia venezuelana? Para isso, à luz da Teoria Marxista da Dependência e de um conjunto de autores que analisam o fenômeno migratório criticamente, mostramos de que maneira a reprodução desigual e combinada do capitalismo condiciona os deslocamentos internacionais, e analisamos as repercussões individuais que os imigrantes sentem como determinantes subjetivos da migração, sobretudo com base no sociólogo argelino Abdelmalek Sayad. O referencial bibliográfico das teorias migratórias e da história venezuelana será articulado com os resultados obtidos na pesquisa de campo com os imigrantes venezuelanos atendidos pela parceria entre a Defensoria Pública da União e o grupo Améfrica-UFSC, a fim de investigar as particularidades deste fluxo Sul-Sul na região metropolitana de Florianópolis. Em sua maioria mulheres trabalhadoras em idade economicamente ativa, jovens e de escolaridade média, esses indivíduos abandonam em massa sua terra natal após a crise em que o país se afunda desde meados da década de 2010, com efeitos que se expressam individualmente na falta de emprego, insegurança e fragilidade nos serviços básicos. Escolhem o Brasil por aqui enxergarem a possibilidade de uma vida mais digna, com mais oportunidades e custo de vida mais baixo, além da proximidade geográfica - a despeito das dificuldades com a barreira do idioma - e da reunião familiar. Embora haja uma melhora relativa nas condições econômico-financeiras dos venezuelanos, a realidade material da migração por vezes colide com as expectativas do projeto migratório: para além dos aspectos subjetivos de desenraizamento, solidão e saudade envolvidos no processo, as dificuldades com a subsistência básica persistem, sobretudo pela centralidade das remessas para os familiares de origem no total da renda. Encontram condições de trabalho mais dignas e até melhores salários em comparação à Venezuela, mas exercem as atividades indesejadas pelos brasileiros, trabalhando jornadas maiores do que a média e ocupando os estratos mais baixos de nível salarial. Ao adentrarem o mercado de trabalho de outro país caracterizado historicamente pela dependência em relação ao centro do capitalismo, os imigrantes servem ao capital na medida em que sua força de trabalho móvel é superexplorada, oferecida como mão de obra barata aos setores que dela necessitam The surge of Venezuelan migration to Brazil, particularly to the state of Santa Catarina, in recent years can only be understood by examining the political economy of Venezuela and its position in the global hierarchy, not solely through the lens of the current humanitarian crisis. This research aims to delve into the intricate relationship between migration, labor mobility, and systemic inequality between core and dependent countries, using the Venezuelan case as a compelling example, aiming to answer the following research question: what are the objective and subjective determinants of Venezuelan migration to Brazil and Grande Florianópolis, in terms of the international division of labor and the role that the Venezuelan economy plays in it? To achieve this, drawing on the Marxist Dependency Theory and a set of authors who critically analyze the migratory phenomenon, we demonstrate how the unequal and combined reproduction of capitalism conditions international displacements, and examine the individual repercussions that immigrants experience as subjective determinants of migration, particularly based on the Algerian sociologist Abdelmalek Sayad. The bibliographical framework of migration theories and Venezuelan history will be integrated with the results obtained from field research with Venezuelan immigrants served by the partnership between Defensoria Pública da União and the Améfrica-UFSC group, focusing on the particularities of this South-South migration flow within the Florianópolis metropolitan region. Driven by the escalating crisis in their homeland since the mid-2010s, which has resulted in widespread unemployment, insecurity, and a precarious basic services infrastructure, these migrants, predominantly working-age women with moderate education, are leaving Venezuela in droves. They choose Brazil, despite the language barrier, in the hope of a more dignified life with greater opportunities and a lower cost of living, as well as the proximity to family. While there has been a relative improvement in the economic and financial conditions of Venezuelans, the material realities of migration often clash with the expectations of their migration project. Beyond the subjective aspects of uprooting, loneliness, and longing associated with this process, the challenges of basic survival persist, particularly given the centrality of remittances to their families back home. Venezuelan migrants find more dignified working conditions and even better wages compared to their country of origin, but they often take on jobs that Brazilians are unwilling to do, working longer hours than average and occupying the lowest levels of income. As they enter the labor market of a country historically characterized by dependence on the capitalist core, these immigrants serve capital by having their mobile labor force superexploited, offered as cheap labor to the sectors that need it. La oleada migratoria de venezolanos hacia Brasil, particularmente al estado de Santa Catarina, en los últimos años, solo puede comprenderse examinando la economía política de Venezuela y su papel en la jerarquía global, más allá de la crisis humanitaria que el país vive actualmente. Bajo esta óptica, el presente trabajo busca comprender la relación entre la migración, la movilidad laboral y la desigualdad sistémica entre países centrales y dependientes, utilizando el caso venezolano como un ejemplo contundente, con el objetivo de responder a la siguiente pregunta de investigación: ¿cuáles son los determinantes objetivos y subjetivos de la migración venezolana hacia Brasil y la Gran Florianópolis, en términos de la división internacional del trabajo y del papel que desempeña en ella la economía venezolana? Para lograr este objetivo, a la luz de la Teoría Marxista de la Dependencia y de un conjunto de autores que analizan críticamente el fenómeno migratorio, mostramos cómo la reproducción desigual y combinada del capitalismo condiciona los desplazamientos internacionales, y analizamos las repercusiones individuales que los inmigrantes experimentan como determinantes subjetivos de la migración, especialmente basándonos en el sociólogo argelino Abdelmalek Sayad. El marco bibliográfico de las teorías migratorias y de la historia venezolana se integrará con los resultados obtenidos en la investigación de campo con los inmigrantes venezolanos atendidos por la colaboración entre la Defensoría Pública de la Unión y el grupo Améfrica-UFSC, con el fin de investigar las características únicas de este flujo migratorio Sur-Sur dentro de la región metropolitana de Florianópolis. Impulsados por la crisis que se profundiza en su tierra natal desde mediados de la década de 2010, y que ha resultado en un desempleo generalizado, inseguridad y una infraestructura precaria de servicios básicos, estos migrantes, en su mayoría mujeres trabajadoras en edad económicamente activa, jóvenes y con escolaridad media, abandonan Venezuela en masa. Eligen Brasil porque aquí ven la posibilidad de una vida más digna, con más oportunidades y un costo de vida más bajo, además de la reunificación familiar y de la proximidad geográfica, a pesar de las dificultades con la barrera del idioma. Si bien ha habido una mejora relativa en las condiciones económicas y financieras de los venezolanos, la realidad material de la migración a menudo choca con las expectativas del proyecto migratorio: más allá de los aspectos subjetivos del desarraigo, la soledad y la nostalgia involucrados durante el proceso, las dificultades para la subsistencia básica persisten, sobre todo por la centralidad de las remesas para sus familias de origen en el total de sus ingresos. Encuentran condiciones de trabajo más dignas e incluso mejores salarios en comparación con Venezuela, pero realizan los trabajos que los brasileños no quieren hacer, trabajando jornadas más largas que el promedio y ocupando los estratos más bajos del nivel salarial. Al ingresar al mercado laboral de otro país caracterizado históricamente por la dependencia del centro del capitalismo, los inmigrantes sirven al capital en la medida en que su fuerza laboral móvil es superexplotada, ofrecida como mano de obra barata a los sectores que la necesitan |
Description: | TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Socioeconômico, Relações Internacionais. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/256671 |
Date: | 2024-07-01 |
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TCC (2).pdf | 2.298Mb |
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