Alterações auditivas e cognitivas associadas a hábitos alimentares na população idosa: prevenção na atenção à saúde do idoso

Abstract

Introdução: Hábitos alimentares podem influenciar no desenvolvimento de alterações auditivas e cognitivas visto que a ingestão de alimentos representa um fator modificável e que pode prevenir e/ou retardar tais mudanças nos indivíduos. A comunicação bidirecional que ocorre entre os organismos que habitam o intestino e o cérebro está envolvida na neurodegeneração, afetando aspectos da saúde relacionados ao metabolismo energético, os quais podem contribuir para o envelhecimento cognitivo. Objetivo: Verificar a associação entre hábitos alimentares e alterações auditivas e cognitivas na população idosa em uma instituição de Atenção Primária à Saúde. Métodos: Estudo transversal com análise dos dados de idosos atendidos no Instituto Otovida, um Serviço Ambulatorial de Saúde Auditivo (SASA) credenciado ao SUS, no período de maio de 2021 a julho de 2022. Para avaliação da qualidade de aplicação dos protocolos, foram analisados a classificação do tipo e grau de perda auditiva proposta pela Organização Mundial da Saúde. Foi realizada avaliação dos hábitos alimentares desses indivíduos por meio do Protocolo de Avaliação Qualitativa da Alimentação de Idosos baseado no Guia Alimentar para a População Brasileira. Além de realizar análise de regressão logística, cálculos de OR bruta, cálculo de OR de Cochran?Mantel?Haenszel e teste do qui-quadrado para estimar a associação entre Alterações Cognitivas e Auditivas e Hábitos Alimentares na População Idosa incluindo ou não as variáveis de confundimento. As análises foram estimadas as Odds Ratio (OR) bruta e ajustadas no software MedCalc® v. 20.027. Resultados: Os estudos mostraram estatísticas significativas com relação à hábitos alimentares saudáveis e efeito protetor com relação a alterações auditivas e cognitivas. Participantes que realizam maior ingestão de frutas, legumes, arroz e consumo de chá, por exemplo, apresentaram menores chances de apresentar tais alterações comparando com indivíduos que realizam menor ingestão desses alimentos. Conclusão: Hábitos alimentares apropriados para a população idosa pode ser definido como um fator protetor e de prevenção por minimizar o risco do indivíduo em apresentar alterações auditivas e cognitivas. Em contrapartida, espera-se que a ingestão de alimentos com elevados índices glicêmicos e baixa ingestão de vitaminas, podem estar associados ao aumento do risco da presença dessas variações.

Abstract : Introduction: Eating habits can influence the development of auditory and cognitive changes since food intake represents a modifiable factor that can prevent and/or delay such changes in individuals. Likewise, the bidirectional communication that occurs between the organisms that inhabit the intestine and the brain is involved in neurodegeneration, affecting aspects of health related to energy metabolism, which may contribute to cognitive aging. Objective: To verify the association between eating habits and auditory and cognitive changes in the elderly population in a Primary Health Care institution. Methods: Cross-sectional study with analysis of data from elderly people attended at Instituto Otovida, an Ambulatorial Hearing Health Service (SASA) accredited by SUS, from May 2021 to July 2022. To assess the quality of protocol application, the classification was analyzed of the type and degree of hearing loss proposed by the World Health Organization. The eating habits of these individuals were evaluated using the Qualitative Assessment Protocol for Elderly Food based on the Food Guide for the Brazilian Population. In addition to performing logistic regression analysis, crude OR calculations, Cochran?Mantel?Haenszel OR calculation and chi-square test to estimate the association between Cognitive and Auditory Changes and Eating Habits in the Elderly Population, including or not confounding variables . The analyzes were estimated using the crude and adjusted Odds Ratio (OR) using MedCalc® v. 20,027. Results: The studies showed significant statistics regarding healthy eating habits and a protective effect regarding hearing and cognitive alterations. Participants who consumed more fruits, vegetables, rice and tea, for example, were less likely to present such alterations compared to individuals who consumed less of these foods. Conclusion: Appropriate eating habits for the elderly population can be defined as a protective and preventive factor by minimizing the individual's risk of presenting auditory and cognitive changes. On the other hand, it is expected that the intake of foods with high glycemic indexes and low intake of vitamins may be associated with an increased risk of the presence of these variations.