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A agrobiodiversidade, crucial para a segurança alimentar no Brasil, é principalmente conservada em sistemas de produção de comunidades tradicionais e agricultores familiares. A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é fundamental nesse contexto, sendo elemento chave do patrimônio biocultural dos sistemas agrícolas tradicionais. Em 2010, na comunidade tradicional dos Areais da Ribanceira, em Imbituba, Santa Catarina, foram identificadas 45 etnovariedades cultivadas, entre os grupos mandioca e aipim, diferenciadas principalmente pelo uso alimentar pelos agricultores. Porém, após sofrer significativas perdas de seu território de cultivo, principalmente no ano de 2010, os sistemas agrícolas da comunidade encontram-se ameaçados, colocando em risco a agrobiodiversidade manejada, os conhecimentos associados e a soberania alimentar dos(as) agricultores(as) locais. Assim, este trabalho teve como objetivo entender as causas de perdas, da manutenção e do favorecimento da agrobiodiversidade da mandioca associada a um sistema agrícola tradicional, numa perspectiva temporal. Os contatos iniciais com a comunidade se deram através da técnica bola-de-neve para encontrar os(as) agricultores(as) ativos(as). Foram entrevistados 12 agricultores(as), sendo catalogadas as etnovariedades ainda em uso, aquelas perdidas ou não encontradas, e as etnovariedades que foram introduzidas no sistema agrícola. Também foram levantadas informações sobre as práticas agrícolas associadas ao cultivo de mandioca. Os dados foram comparados com o estudo realizado há 14 anos. Atualmente, os(as) 12 agricultores(as) entrevistados cultivam 28 etnovariedades, sendo 18 mandiocas e 12 aipins, com uma média de 8,5 etnovariedades manejadas por cada agricultor(a). Os agricultores mais velhos (70-77 anos) cultivam em média 12 etnovariedades cada um(a), enquanto os(as) mais jovens (52-69 anos) cultivam 5,6 cada um(a). Comparado ao inventário de 2010, a comunidade manteve 16 etnovariedades, adicionou 12 novas, mas “perdeu”, ou não foi encontrado, 23 etnovariedades. As principais causas das perdas incluem perda de terras para cultivo, abandono nas práticas de pousio e coivara, invasão de espécies exóticas, falta de subsídios governamentais e migração dos jovens para atividades não agrícolas. Apesar dos desafios, a Associação Comunitária Rural de Imbituba (Acordi), a identidade social e as redes de troca entre agricultores(as) locais e outras comunidades tradicionais são fundamentais para preservar e promover a agrobiodiversidade na comunidade estudada. |
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