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O território de Santa Catarina está completamente inserido no bioma da Mata Atlântica, apresentando distintas formações florestais das quais destaca-se a Floresta Ombrófila Densa (FOD), detentora dos remanescentes florestais mais extensos e também onde se encontra a maior riqueza de samambaias e licófitas (pteridófitas) da região. O arcabouço legal sobre a gestão da Mata Atlântica estabelece normas sobre o uso do bioma, historicamente explorado e hoje bastante fragmentado, sendo considerado um hotspot mundial da biodiversidade. O licenciamento ambiental para a execução de empreendimentos na Mata Atlântica exige a classificação da vegetação conforme estágios sucessionais, a fim de possibilitar a manutenção de fragmentos mais preservados e a recuperação do bioma. Os critérios para esta classificação são estabelecidos em resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) com abrangências estaduais, sendo as espécies indicadoras um dos parâmetros utilizados. Contudo, em Santa Catarina a utilização de pteridófitas como indicadoras na FOD é pouco explorada. Desta forma, o presente trabalho avaliou a aplicação destas plantas como indicadoras em resoluções dos demais estados inseridos na Mata Atlântica. Discutiu-se sobre o uso de Pteridium esculentum, Gleichenia spp., Thelypteris spp., Nephrolepis exaltata, Sphaeropteris gardneri, Dicksonia sellowiana, Cyathea spp. e Alsophila spp. como táxons indicadores nestas resoluções a apontou-se a necessidade de aprimoramento destas regulamentaçõoes para contemplar atualizações taxonômicas e reavaliar o potencial indicador destas espécies. Neste contexto, exploraram-se outras possíveis espécies indicadoras de estágios sucessionais para a FOD catarinense através da análise de ca. 17.800 registros de coletas disponíveis na plataforma speciesLink. Aproximadamente 5.500 destes registros foram classificados como coletas realizadas em determinado estágio de sucessão com base em informações nas notas de coletor. Esta informação permitiu pré-selecionar espécies considerando critérios aqui estabelecidos sobre os registros de coleta (>20 registros, >50% dos registros classificados em um mesmo estágio sucessional) e sobre características das espécies (morfologia, distribuição geográfica, preferências e tolerâncias a determinadas variáveis ambientais). Este procedimento resultou na proposição de táxons indicadores para os estágios de sucessão da FOD de Santa Catarina, sendo nove para o estágio inicial (Dicranopteris flexuosa, Gleichenella pectinata, Lycopodium clavatum, Palhinhaea cernua, Pityrogramma calomelanos, Pteridium esculentum, Sticherus bifidus, S. nigropaleaceus e S. pruinosus), três para o estágio médio (Anemia phyllitidis, Lygodium volubile e Neoblechnum brasiliense) e 27 para os estágios avançado/climácico (Asplenium brasiliense, A. gastonis, A. mucronatum, A. oligophyllum, A. pseudonitidum, A. scandicinum, A. serratum, A. uniseriale, Cheiroglossa palmata, Danaea spp., Didymochlaena truncatula, Diplazium plantaginifolium, Elaphoglossum spp., Hymenophyllaceae, Mickelia scandens, Niphidium crassifolium, Olfersia cervina, Phlegmariurus acerosus, P. flexibilis, P. fontinaloides, P. heterocarpon, P. hexastichus, P. mandiocanus, Pteris splendens, Radiovittaria stipitata, Vittaria lineata e V. scabrida). |
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