Dinâmica espaço-temporal de queimadas em Unidades de Conservação no estado de Santa Catarina no período de 2000 a 2022

Abstract

A Mata Atlântica é o terceiro maior bioma brasileiro e o segundo mais biodiverso das Américas, desempenhando papéis ecológicos, econômicos e sociais importantes. Em Santa Catarina, que abriga a terceira maior extensão de remanescentes desse bioma, a criação e manutenção de Unidades de Conservação (UCs) são importantes principalmente para a preservação da biodiversidade. No entanto, as UCs enfrentam desafios, como os incêndios, que ameaçam a biodiversidade e os ecossistemas. Diante deste contexto, o presente estudo visou identificar, analisar e quantificar as áreas e a frequência de queimadas nas UCs de Santa Catarina totalizando 5.814 km², utilizando dados do Projeto MapBiomas no período de 2000 a 2022. Foram analisadas 168 UCs, através dos dados Annual Burned e Frequency Burned processados no software QGIS. Além disso, foram analisados quais os meses de maior concentração das queimadas e também através do índice de Seca de Palmer, foi avaliado se os eventos eram relacionados com esta variável climática. A última etapa da metodologia foi analisar os tipos de cobertura e uso da terra que os eventos de queimada estariam ocorrendo no período estudado. Um dos principais resultados diz respeito ao Parque Nacional de São Joaquim, que apresentou a maior área queimada, registrando 83,12 km² de área afetada pelo fogo. A Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca teve a maior frequência de queimadas, registrando até dezessete ocorrências de queimada no mesmo local. As áreas mais afetadas foram as formações campestre, mosaico de agricultura e pastagem, pastagem e agricultura. Enquanto as florestas plantadas, formações florestais e áreas de restinga foram menos impactadas pelo fogo. O estudo revelou que os incêndios ocorrem com maior frequência em agosto e setembro, coincidindo com a menor precipitação na região. A análise climática revelou que anos de grandes áreas queimadas coincidiram com episódios significativos de seca, enquanto anos com menor área queimada coincidiram com períodos de maior umidade. Apesar da forte relação entre clima e áreas queimadas, houve anos de discordância, indicando a influência de outros fatores além do clima na ocorrência de queimadas. Essas informações são fundamentais para desenvolver estratégias de monitoramento e manejo do fogo, políticas públicas eficazes e maior envolvimento comunitário, visando minimizar impactos ambientais e garantir a conservação e o desenvolvimento sustentável das UCs.

The Atlantic Forest is the third largest biome in Brazil and the second most biodiverse in the Americas, playing crucial ecological, economic, and social roles. In Santa Catarina, which hosts the third largest extent of remnants of this biome, the creation and maintenance of Conservation Units (UCs) are especially important for biodiversity preservation. However, UCs face challenges such as fires that threaten biodiversity and ecosystems. In this context, the present study aimed to identify, analyze, and quantify the areas and frequency of fires in the UCs of Santa Catarina, totaling 5,814 km², using data from the MapBiomas Project from 2000 to 2022. A total of 168 UCs were analyzed through Annual Burned and Frequency Burned data processed using QGIS software. Additionally, the study examined the months with the highest concentration of fires and assessed whether these events were related to the Palmer Drought Severity Index. The final step of the methodology was to analyze the types of land cover and use where fire events occurred during the study period. One of the main results pertains to the São Joaquim National Park, which had the largest burned area, recording 83.12 km² affected by fire. The Baleia Franca Environmental Protection Area had the highest frequency of fires, with up to seventeen occurrences in the same location. The most affected areas were grasslands, agricultural and pasture mosaics, pasture, and agriculture. In contrast, planted forests, forest formations, and restingas were less impacted by fire. The study revealed that fires occurred more frequently in August and September, coinciding with the lowest precipitation in the region. The climatic analysis showed that years with large burned areas coincided with significant drought episodes, while years with smaller burned areas coincided with periods of higher humidity. Despite the strong relationship between climate and burned areas, there were years of discordance, indicating the influence of other factors beyond climate on fire occurrences. This information is crucial for developing fire monitoring and management strategies, effective public policies, and greater community involvement to minimize environmental impacts and ensure the conservation and sustainable development of UCs.