Abstract:
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A diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença crônica endócrino-metabólica causada pela deficiência do hormônio insulina, e é geralmente diagnosticada na infância ou na adolescência. O seu tratamento acompanha o indivíduo ao longo do desenvolvimento, e exige, além do uso de insulina injetável, a adoção de um estilo de vida mais saudável. Investigar as experiências de crianças e adolescentes com DM1 é relevante, uma vez que, historicamente, as pesquisas científicas têm sido pouco direcionadas para estudar as perspectivas de tal população, seguindo ainda uma lógica adultocêntrica. O presente estudo, que adotou método dedutivo com enfoque qualitativo, objetivou identificar os instrumentos e técnicas que têm sido utilizados pelos pesquisadores para investigar as experiências de crianças e adolescentes com DM1 em estudos qualitativos. Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa da literatura utilizando-se o protocolo Prisma P. Inicialmente, com o auxílio de uma bibliotecária, foi elaborado um protocolo de busca e foram acessadas 11 bases de dados. Delas, foram extraídos em duas etapas, um total de 6.238 estudos que, através de análise de juízes independentes, utilizando os critérios de elegibilidade, selecionaram 27 artigos para a amostra final. Para a análise dos dados, foi realizada análise temática reflexiva. Os resultados demonstram que o instrumento mais utilizado para a coleta de dados em pesquisas qualitativas com crianças e adolescentes com DM1 foi a entrevista semiestruturada. Observou-se que as metodologias participativas, tais como desenhos, fotografias, fantoches e brinquedo terapêutico instrucional, foram citadas nos estudos, pois podem potencializar a coleta de dados, ao enfatizar as formas de expressão de crianças e adolescentes com DM1. Os grupos focais, por sua vez, também foram mencionados como capazes de promover uma participação ativa de participantes infanto-juvenis. Os estudos desta revisão empregaram, em sua maioria, para a análise de dados, as análises temática e de conteúdo, ressaltando que tais técnicas analíticas mostraram-se adequadas para viabilizar a compreensão das narrativas coletadas. Destarte, a partir dos resultados discute-se que as pesquisas qualitativas com crianças e adolescentes com DM1 devem adotar preferencialmente o uso de metodologias participativas ou a triangulação metodológica, incluindo tanto entrevistas semiestruturadas quanto outras metodologias, para que se possa romper com o modelo adultocêntrico e fomentar o acesso a um maior número de informações durante a coleta de dados. Destaca-se ainda que, futuros estudos qualitativos realizados com população infantojuvenil com DM1, devem adotar procedimentos metodológicos que considerem o momento do desenvolvimento em que os participantes se encontram e promover o protagonismo dessa população, favorecendo o acesso às vivências e significados atribuídos à doença e ao tratamento. |