A interação milenar entre pessoas, carás (Dioscorea spp.) e sambaquis nas paisagens culturais a partir da baía Babitonga, litoral norte de Santa Catarina

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A interação milenar entre pessoas, carás (Dioscorea spp.) e sambaquis nas paisagens culturais a partir da baía Babitonga, litoral norte de Santa Catarina

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dc.contributor Universidade Federal de Santa Catarina
dc.contributor.advisor Peroni, Nivaldo
dc.contributor.author Souza, Dalzemira Anselmo da Silva
dc.date.accessioned 2024-08-26T23:24:36Z
dc.date.available 2024-08-26T23:24:36Z
dc.date.issued 2024
dc.identifier.other 387395
dc.identifier.uri https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/257894
dc.description Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas, Florianópolis, 2024.
dc.description.abstract Os tubérculos de Dioscorea spp. (cará) estão entre os alimentos mais antigos dos humanos. No Brasil há registro arqueológico destes tubérculos desde a transição Pleistoceno/Holoceno. Na baía Babitonga, litoral norte de Santa Catarina, há 6 mil anos AP, os sambaquianos iniciam a construção dos montes conhecidos como sambaquis e utilizavam principalmente as plantas da restinga. Há registro de consumo de cará no sambaqui Morro do Ouro há 4.030 ± 40 anos AP. A partir de 1.500 anos AP e de 500 anos AP, há o registro dos indígenas Jê e Guarani na baía Babitonga, respectivamente. Estes dois grupos indígenas e os colonizadores também consumiam e cultivavam cará. A região é uma das principais produtoras de cará de Santa Catarina, tradição mantida pelos descendentes dos colonizadores. Nosso objetivo foi descrever uma história de longa duração entre as pessoas e as espécies de Dioscorea a partir do registro arqueológico, histórico e da ocorrência na vegetação atual associada aos sambaquis e às roças. Na vegetação as espécies de Dioscorea e de seus hospedeiros foram registradas pelos métodos de caminhamento e busca intensiva, e as espécies arbóreas por censo, parcelas e ponto quadrante. O cultivo foi levantado em estudos anteriores e no presente estudo apenas para D. trifida. Os usos das espécies foram levantados em banco de dados e bibliografia. Foram registradas cinco espécies nativas de Dioscorea em sete sambaquis: D. chondrocarpa, D. dodecaneura, D. laxiflora, D. olfersiana e D. scabra, e a exótica e domesticada D. cayennensis. Nas roças é cultivada principalmente a espécie amazônica D. trifida, seguida de D. alata (asiática e africana), e em menor escala D. bulbifera (asiática) e D. cayennensis (africana). O uso alimentar de cará prevalece, mas há uso medicinal. Os carás estão integrados à vegetação sobre os solos antropogênicos dos sambaquis e nas roças em sistemas de monocultivo ou consórcio. Foram registradas 176 espécies de plantas (Dioscorea, hospedeiros e arbóreas), 90,34% possuem uso humano. Das espécies arbóreas exclusivas dos sambaquis (36 spp.) 97,22% apresentam uso humano. Nos sambaquis que sofreram maiores intervenções a partir da invasão europeia há menor riqueza de espécies arbóreas nativas, há arbóreas exóticas e não há Dioscorea. Os sambaquis menos afetados possuem florestas ricas em plantas úteis, com espécies exclusivas, algumas de outros ecossistemas. Nossos resultados indicam que as espécies alimentícias de cará ocorrem próximas entre si e, em média, até 200m de distância dos sambaquis, e a espécie medicinal D. scabra, mais distante. Dioscorea dodecaneura (caratinga-roxa) foi registrada apenas sobre os sambaquis Cubatão I e Cubatão II, espécie que na Amazônia é considerada semi-domesticada. Inferimos que os sambaquis e seu entorno imediato são locais de concentração de espécies de Dioscorea e de outras plantas úteis, semelhante ao que se observa nos sítios arqueológicos de Terra Preta de Índio (TPI) na Amazônia. Há evidências da sobreposição de processos de construção de nicho cultural por diferentes grupos humanos em diferentes épocas. A composição das florestas associadas aos sambaquis pode ser resultado de uma história de longa duração entre as pessoas e as plantas.
dc.description.abstract Abstract: Dioscorea spp. tubers (yams) are among the oldest human foods. In Brazil, archaeological records of these tubers date back to the Pleistocene/Holocene transition. In Babitonga Bay, on the north coast of Santa Catarina state, 6,000 years AP, Sambaquianos began building the shellmounds known as sambaquis and mainly used plants from the restinga. There is a record of yam consumption in the Morro do Ouro sambaqui 4,030 ± 40 years BC. From 1,500 years AP and 500 years AP, there are records of the indigenous Jê and Guarani in Babitonga Bay, respectively. These two indigenous groups and the colonisers also consumed and cultivated yams. The region is one of Santa Catarina's main yam producers, a tradition maintained by the colonisers' descendants. Our aim was to describe a long-term history between the people and the Dioscorea species based on the archaeological and historical records and their occurrence in the current vegetation associated with the sambaquis and swiddens. In the vegetation, Dioscorea species and their hosts were recorded by walking and intensive search methods, and tree species by census, plots and quadrat points. Cultivation was surveyed in previous studies and in this study only for D. trifida. The uses of the species were recorded in databases and bibliographies. Five native species of Dioscorea were recorded in seven shellmounds: D. chondrocarpa, D. dodecaneura, D. laxiflora, D. olfersiana and D. scabra, and the exotic and domesticated D. cayennensis. The Amazonian species D. trifida is mainly grown in the swiddens, followed by D. alata (Asian and African), and to a lesser extent D. bulbifera (Asian) and D. cayennensis (African). Yams are mainly used for food, but there are also medicinal uses. The yams are integrated into the vegetation on the anthropogenic soils of the sambaquis and in the swiddens in monoculture or consortium systems. A total of 176 plant species were recorded (Dioscorea, hosts and trees), 90.34% of which are used by humans. Of the tree species exclusive to shellmounds (36 spp.), 97.22% have human use. In the shellmounds that have undergone greater interventions since the European invasion, there is a lower richness of native tree species, there are exotic trees and there is no Dioscorea. The least affected shellmounds have forests rich in useful plants, with exclusive species, some from other ecosystems. Our results indicate that the edible species of yams occur close to each other and, on average, up to 200 metres away from the shellmounds, and the medicinal species D. scabra, further away. Dioscorea dodecaneura (caratinga-roxa) was only recorded on the Cubatão I and Cubatão II shellmounds, a species that is considered semi-domesticated in the Amazon. We infer that the shellmounds and their immediate surroundings are places of concentration of Dioscorea species and other useful plants, similar to what is observed in the Terra Preta de Índio (TPI) archaeological sites in the Amazon. There is evidence of overlapping cultural niche construction processes by different human groups at different times. The composition of the forests associated with shellmounds may be the result of a long-term history between people and plants. en
dc.format.extent 278 p.| il., gráfs.
dc.language.iso mul
dc.subject.classification Biologia
dc.subject.classification Cará
dc.subject.classification Sambaquis
dc.subject.classification Plantas das restingas
dc.title A interação milenar entre pessoas, carás (Dioscorea spp.) e sambaquis nas paisagens culturais a partir da baía Babitonga, litoral norte de Santa Catarina
dc.type Tese (Doutorado)
dc.contributor.advisor-co Bandeira, Dione da Rocha


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