Walter Benjamin: Tempo e transformação

Abstract

Apresento neste o resultado de um semestre de pesquisa junto ao GEFA: um ensaio sobre a maneira com que Walter Benjamin propõe aberturas e possibilidade a partir do que aquilo que a modernidade parece querer fechar. Em “O Narrador”, Walter Benjamin aparentemente diagnostica a iminente morte da arte de narrar, prática fundamentada no trabalho artesanal e que, de certa forma, reflete-o. O narrar e sua abertura a interpretação e à possibilidade se veem erodidos na modernidade e a sua característica industrialização. A narração, um ato de experiência compartilhada e interpretativa, está sendo substituída pela produção em massa e pelo ritmo frenético das fábricas, que reduzem a capacidade de ouvir e contar histórias. A ascensão do romance, intimamente ligado à produção em série que o possibilita, simboliza esse fechamento: uma forma literária que, ao contrário da narrativa oral, se caracteriza pelo isolamento e pela teleologia, refletindo uma vida moderna cada vez mais solitária e automatizada. No entanto, Benjamin não se limita a uma visão pessimista. O autor não defende qualquer tipo de (impossível) retorno ao passado, mas uma reinvenção do presente e uma interpretação do passado que, de certa forma, mantém a abertura que o passado proporcionava, mas faz do passado, outro e com isso, transforma também o presente e o futuro. A partir de “O Narrador” e outros textos de Benjamin, minha pesquisa ao longo do semestre pretendeu dar atenção especial à abertura e esperança benjaminianas.