Transformar e ensinar a transformar: perspectivas etnográficas sobre as lutas e o trabalho de professores substitutos de Santa Catarina

Abstract

A dissertação que apresento tem como objetivo uma interpretação antropológica, conduzida por meio de uma etnografia, dos processos de lutas sociais e das narrativas que envolvem o trabalho docente. Este estudo centra-se nos professores substitutos das redes públicas de ensino em Santa Catarina, desenvolvendo-se na interseção entre a Antropologia do Trabalho, Sociologia do Trabalho, Antropologia das Práticas de Poder e algumas contribuições das Teorias Pedagógicas. Os dados subjacentes a esta obra foram construídos através da observação e participação ativa nos movimentos sociais da classe trabalhadora, organizados por seus representantes sindicais. Adicionalmente, conduzi entrevistas semiestruturadas com os educadores, possibilitando uma análise de suas práticas narrativas tanto dentro quanto fora das manifestações políticas. Essa abordagem permitiu uma compreensão mais profunda dos significados que esses profissionais atribuem ao seu trabalho, conectando-o com diversas dimensões de produção da vida ao longo de suas trajetórias. Os resultados da pesquisa revelaram que, mesmo diante das precárias condições estruturais de trabalho advindas de um projeto neoliberal de educação em âmbito nacional, os professores entrevistados descreveram suas práticas pedagógicas impregnadas de significados substanciais de resistência epistêmica. Essa resistência se manifesta ao confrontar os sistemas de opressão presentes nas realidades sociais dos estudantes e em suas próprias, assumindo a responsabilidade ética e política do ato de educar. Nesse contexto, destaca-se a busca pela função social da escola como promotora da educação crítica e transformadora. Adicionalmente, a pesquisa interpretou narrativas relacionadas a trajetórias de vida e escolhas profissionais, destacando a dimensão do amadurecimento como um fator determinante para as tomadas de decisão. Estas nuances adicionam uma camada de compreensão à complexidade das experiências vividas pelos professores substitutos, contextualizando suas práticas laborais dentro de um quadro mais amplo de desenvolvimento pessoal e profissional.

Abstract: The dissertation I present aims at an anthropological interpretation, conducted through ethnography, of the processes of social struggles and narratives involving teaching work. This study focuses on substitute teachers in public education networks in Santa Catarina, operating at the intersection of the Anthropology of Labor, Sociology of Labor, Anthropology of Power Practices, and some contributions from Pedagogical Theories. The underlying data for this work were constructed through observation and active participation in social movements of the working class, organized by their union representatives. Additionally, I conducted semi-structured interviews with educators, enabling an analysis of their narrative practices both within and outside political demonstrations. This approach allowed for a deeper understanding of the meanings these professionals attribute to their work, connecting it with various dimensions of life production throughout their trajectories. The research results revealed that, despite the precarious structural working conditions stemming from a national neoliberal education project, the interviewed teachers described their pedagogical practices as imbued with substantial meanings of epistemic resistance. This resistance manifests in confronting the oppressive systems present in the social realities of students and their own, taking on the ethical and political responsibility of the act of educating. In this context, the pursuit of the school's social function as a promoter of critical and transformative education stands out. Additionally, the research interpreted narratives related to life trajectories and professional choices, emphasizing the dimension of maturity as a determining factor in decision-making. These nuances add a layer of understanding to the complexity of experiences lived by substitute teachers, contextualizing their work practices within a broader framework of personal and professional development.