Cigarro eletrônico e saúde respiratória, uma revisão integrativa

Abstract

Com a prevalência do tabagismo diminuindo no Brasil e no mundo, a indústria do tabaco se reinventou e desenvolveu os cigarros eletrônicos. Esses dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), foram criados com o intuito de contribuir no processo de cessação ao tabagismo, entretanto, estes vêm sendo usados para vaporizar substâncias líquidas contendo nicotina e outros componentes. O líquido (e-líquido) utilizado nesses aparelhos é composto por propilenoglicol, flavorizantes e doses variadas de nicotina, porém quando aquecidos transformam-se em compostos carcinogênicos da carbonila. Essa exposição torna os pulmões vulneráveis, pois as partículas de aerossol se depositam nos mesmos produzindo diversos tipos de lesões. Este trabalho, uma revisão integrativa, revisou e discutiu os componentes citotóxicos do cigarro eletrônico e de que maneira afetam a saúde dos usuários, com foco principal no comprometimento pulmonar. Foram realizadas buscas de artigos científicos nas bases de dados Medline (via Pubmed); Embase; Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO). A busca resultou em 459 artigos. Destes, 31 artigos foram incluídos na revisão. Na análise dos artigos acerca do tema, observa-se que estes, foram publicados no período de 2015 a 2023, com um maior número de publicações nos anos de 2020 e 2022. No cigarro eletrônico o processo de combustão do cigarro comum é substituído por uma bateria recarregável que aquece o e-líquido, produzindo aerossol para ser inalado. Com uma infinidade de gostos que remetem à infância, os dispositivos eletrônicos se popularizaram nos últimos anos e se tornaram uma epidemia entre jovens em diversos países. Embora o propilenoglicol e a glicerina vegetal sejam reconhecidos como seguros para consumo oral, como, por exemplo, na manipulação de xaropes, pouco se sabe sobre os efeitos da inalação. Após inalação o depósito de propilenoglicol e glicerina vegetal tendem a se localizar principalmente no epitélio das grandes vias aéreas, sendo capazes de atingir os bronquíolos terminais e alvéolos. Essa interação do propilenoglicol/glicerina vegetal e a nicotina com o epitélio das vias aéreas pode desencadear mecanismos de depuração pulmonar, incluindo o recrutamento de células inflamatórias, com subsequente inflamação pulmonar e retenção de propilenoglicol. Os padrões de lesão pulmonar associadas ao cigarro eletrônico são distintos, as variações de lesões pulmonares associadas à vaporização estão provavelmente relacionadas às diferenças na exposição, incluindo os constituintes químicos, a dose, a solubilidade e a temperatura do agente inalado. Com base nesta revisão integrativa é possível compreender melhor a citotoxicidade pulmonar do cigarro eletrônico, evidenciando que seu uso não traz segurança aos usuários.

Abstract: With the prevalence of smoking decreasing in Brazil and around the world, the tobacco industry reinvented itself and developed electronic cigarettes. These electronic smoking devices (EDF) were created with the aim of contributing to the smoking cessation process, however, they have been used to vaporize liquid substances containing nicotine and other components. The liquid (e-liquid) used in these devices is composed of propylene glycol, flavorings and varying doses of nicotine, but when heated they transform into carcinogenic carbonyl compounds. This exposure makes the lungs vulnerable, as aerosol particles deposit in them, producing different types of injuries. This work, an integrative review, reviewed and discussed the cytotoxic components of electronic cigarettes and how they affect users' health, with a main focus on pulmonary impairment. Searches for scientific articles were carried out in the Medline databases (via Pubmed); Embase; Latin American Literature in Health Sciences (LILACS) and Scientific Electronic Library Online (SciELO). The search resulted in 459 articles. Of these, 31 articles were included in the review. When analyzing the articles on the topic, it is observed that they were published in the period from 2015 to 2023, with a greater number of publications in the years 2020 and 2022. In electronic cigarettes, the combustion process of a regular cigarette is replaced by a rechargeable battery that heats the e-liquid, producing aerosol to be inhaled. With a multitude of tastes reminiscent of childhood, electronic devices have become popular in recent years and have become an epidemic among young people in several countries. Although propylene glycol and vegetable glycerin are recognized as safe for oral consumption, such as when making syrups, little is known about the effects of inhalation. After inhalation, the deposit of propylene glycol and vegetable glycerin tends to be located mainly in the epithelium of the large airways, being able to reach the terminal bronchioles and alveoli. This interaction of propylene glycol/vegetable glycerin and nicotine with the airway epithelium can trigger lung clearance mechanisms, including the recruitment of inflammatory cells, with subsequent lung inflammation and propylene glycol retention. The patterns of lung injury associated with electronic cigarettes are distinct; variations in lung injury associated with vaping are likely related to differences in exposure, including chemical constituents, dose, solubility, and temperature of the inhaled agent. Based on this integrative review, it is possible to better understand the pulmonary cytotoxicity of electronic cigarettes, showing that its use does not bring safety to users.