Abstract:
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Eletrodos quimicamente modificados representam uma área fascinante da química que desempenha um papel crucial na determinação sensível e seletiva de analitos em diversas áreas. Isso permite que sensores eletroquímicos sejam usados para aplicação ambiental, por exemplo, detectando contaminantes emergentes, que mesmo presentes em baixas concentrações, como ug L-1 e ng L-1, podem comprometer o funcionamento de ecossistemas e prejudicar a saúde humana. Polímeros impressos molecularmente (MIPs) são candidatos promissores para modificar eletrodos de trabalho, proporcionando elevada seletividade. Os MIPs podem ser preparados pela polimerização direta de monômeros funcionais na presença das moléculas alvo, que atuam como moldes. Dessa forma, uma matriz polimérica tridimensional, contendo os moldes, é formada sobre o eletrodo de trabalho. Os moldes são então removidos, deixando cavidades dentro da matriz polimérica que são específicas para o reconhecimento do analito alvo. Com o objetivo de detectar o contaminante emergente 17α-etinilestradiol (EE2), um hormônio sintético, foram produzidos eletrodos de grafite (GE) modificados com filme MIP à base de (poli)alaranjado de metila. Para isso, uma solução de alaranjado de metila na presença de EE2, ambos na concentração 4,5×10-4 mol L-1, foi eletropolimerizada sobre o GE por voltametria cíclica (VC) na faixa de –0,6 a +1,4 V (vs. Ag/AgCl). O sensor MIP passou então por um processo de extração dos moldes, e empregou-se a voltametria de pulso diferencial (VPD) para acompanhar este processo. Para fins comparativos, um sensor não impresso (NIP) foi produzido por eletropolimerização do alaranjado de metila, sem a presença do molde. Sob condições otimizadas da análise por VPD, o sensor MIP apresentou resposta linear em 2 faixas de concentração (1,0×10–8 até 2×10–7 e 2×10–7 até 1,0×10–5 mol L–1 ), com limite de detecção de 9,5×10–9 mol L–1. O sensor também foi empregado em estudo de interferentes e não apresentou resposta significativa para os seguintes compostos: ácido ascórbico, ácido úrico, eritromicina, ciprofloxacina, amoxicilina, cafeína, antranilamida, β-estradiol, na razão molar 1:1, [EE2]:[interferente]. Foram feitas análises em amostras de água natural, coletadas do Rio Itajaí Açu (coordenadas: 26°55'16.187"S 49°3'33.008"W) e fortificadas com EE2, obtendo-se resultados satisfatórios e sem efeito de matriz significativo. Com intenção de monitorar lançamento de esgoto doméstico, urina simulada foi produzida em laboratório para testes de determinação de EE2, e os resultados obtidos apresentaram erros relativos inferiores a 11%. A faixa de recuperação de EE2 em urina simulada variou de 93 a 109%. Portanto, o sensor produzido apresentou bom desempenho analítico na determinação de EE2. Mostrou-se sensível, seletivo e ambientalmente amigável, tendo potencialidade para aplicação no monitoramento do hormônio EE2 em amostras de água e esgoto. |