Financiamento de campanha eleitoral para mulheres no Cone Sul: uma questão de classe

Abstract

A desigualdade de gênero é uma realidade persistente em diversas esferas da sociedade, e na política não é diferente. Apesar das leis de cotas e paridade, as mulheres ainda encontram grandes desafios para ocupar espaços de decisão política. Após o período de redemocratização, países como Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai implementaram medidas estratégicas para aumentar a representatividade feminina, incluindo leis de cotas e, em alguns casos, sistemas de lista fechada. No entanto, práticas como as “candidaturas laranjas” e o desvio de financiamento partidário continuam a minar esses esforços, prejudicando, especialmente, as mulheres racializadas e marginalizadas. O objetivo desta pesquisa é investigar o impacto do financiamento de campanha eleitoral para as mulheres no Cone Sul e como ele influencia a representatividade feminina na política. Como metodologia, utilizamos a literatura existente sobre financiamento de campanhas e participação feminina na política. Além disso, realizei entrevistas qualitativas com figuras políticas, como os vereadores Carla Ayres e Leonel Camasão de Florianópolis. Também analisei legislações específicas de cada país, buscando entender o impacto dessas leis no financiamento de campanhas femininas. Concluímos que o Brasil é o pior país no quesito de representatividade de mulheres na política, mesmo com leis de financiamento. Por outro lado, a Bolívia é exemplo, tendo 50% de mulheres eleitas na Câmara de Deputados. No entanto, para que esses avanços se mantenham e se aprofundem, é crucial que a fiscalização e a implementação de sanções sejam rigorosas. A eficácia das leis de cotas depende não apenas de sua existência, mas também de sua aplicação prática. A fiscalização constante e a aplicação de penalidades pelo não cumprimento das cotas são fundamentais para garantir que as metas de representação igualitária sejam atingidas.