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Os álcoois, metanol e etanol, estão presentes em uma vasta gama de produtos. Podem ser encontrados em combustíveis, domissanitários, artigos de higiene e bebidas alcoólicas. Devido a facilidade de acesso e alta biodisponibilidade oral, intoxicações agudas são comuns e, no caso do metanol, frequentemente fatais. O etanol causa também sequelas crônicas relacionadas ao uso abusivo. De 2016 a 2023, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) de Campinas atendeu 14 casos de intoxicação grave por metanol, relacionados ao consumo de combustíveis; desses, 11 foram à óbito. O etanol é um problema de saúde pública e o Centro de Informações sobre saúde e álcool afirma que, em 2021, foram registradas 336.407 internações relacionadas ao seu uso no Brasil. O cenário de Santa Catarina não é diferente, visto que o relatório anual de 2023 publicado pelo CIATox/SC evidencia que, de 1.608 exposições humanas a drogas de abuso, 862 casos envolveram bebidas alcoólicas. Assim, é evidente a importância da análise toxicológica de urgência para o diagnóstico laboratorial e auxílio nas possíveis intervenções. Dessa forma, o objetivo foi desenvolver e validar um método analítico rápido e econômico para dosagem de álcoois em sangue, utilizando headspace e análise por cromatografia gasosa acoplada ao detector de ionização em chama (CG-FID). Para as condições cromatográficas, estabeleceu-se uma corrida de 3,4 minutos, sendo o gás de arraste o nitrogênio, eluído a 0,3 mL/min. No preparo de amostra foram utilizados 350uL de sangue submetidos a 7min de aquecimento a 60ºC para realização do headspace. O volume de injeção manual foi de 700 uL. As condições volume de amostra, tempo de estufa e volume de injeção foram determinadas utilizando a ferramenta estatística de planejamento fatorial. O delineamento escolhido contou com 17 experimentos otimizados e permitiu avaliar a interação entre as variáveis e sua influência na área final, com o gráfico de superfície de resposta. Quanto à validação, os parâmetros avaliados foram: linearidade, precisão, exatidão, seletividade, efeito matriz, limite inferior de quantificação (LIQ), Limite inferior de detecção (LID), efeito residual e estabilidade, conforme parâmetros da Anvisa. Para os dois analitos, o valor do coeficiente de correlação foi de 0,99; o LID para o metanol foi 0,29 dg/L e para o etanol 0,50 dg/L. O LIQ foi o ponto mais baixo do intervalo, de 1dg/L a 15 dg/L para metanol e 3 dg/L a 40 dg/L para etanol. A precisão, exatidão e seletividade apresentaram-se adequadas para ambos os álcoois; não houve efeito residual e o efeito matriz esteve presente apenas para o etanol. A amostra coletada em tubo com EDTA se manteve estável por três dias sob refrigeração. A utilização do planejamento fatorial conferiu otimização mais eficiente do método, com um menor número de experimentos. O método mostrou-se rápido, econômico, preciso e exato para ser aplicado, no futuro, em amostras reais de pacientes com suspeitas de intoxicação. |
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